A World, que anunciou recentemente a suspensão seus serviços de coleta de íris de cidadãos brasileiros após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) negar um recurso da empresa, está causando dor de cabeça em alguns brasileiros.
O processo era feito mediante a promessa de pagamento de um token digital, o que, segundo relatos obtidos pelo g1, não se concretizou para todos. A empresa nega que a transação seja um “pagamento”, afirmando que se trata de “uma contrapartida em forma de criptoativos“.
Com valor aproximado de R$ 600, o chamado “Worldcoin” era transferido para um aplicativo da empresa em até 24 horas após a coleta da biometria. No total, cada brasileiro receberia 48 moedas, sendo 20 enviadas no primeiro dia e outras 28 ao longo de um ano.
De acordo com a reportagem, os participantes ouvidos não estão conseguindo acessar o aplicativo criado para armazenar o dinheiro. Além disso, esse é o principal meio de comunicação oficial com a empresa.
“Tentei entrar em contato pelo chat do app várias vezes e o problema não foi resolvido. Então, decidi vir aqui na loja. Aí me disseram que talvez eu tenha sido banida por alguma atividade suspeita. Mas que atividade? Não sei, e não deixei ninguém mexer no celular. Perdi a conta e o dinheiro”, contou ao site Vivian Caramaschi, de 48 anos.

Quem também não conseguiu entrar na plataforma para sacar a primeira parcela do pagamento foi Marilis Casco Morales, de 24 anos, que escaneou a íris em dezembro do ano passado. “Desinstalei o aplicativo e baixei novamente. Na hora de digitar a senha, o app diz que está errada”, relatou ao g1.
Durante uma visita a um dos 55 endereços da World em São Paulo, a reportagem do g1 conversou com Elaine Oliveira, de 40 anos, que perdeu a conta no aplicativo e não conseguiu resgatar a segunda parcela prometida pela empresa.
“Eu perdi a minha senha e não consegui mais entrar e sacar. Tentei falar no suporte e não consegui porque não tem opção para recuperar a conta. A atendente aqui informou que não tem como eu resgatar e nem fazer novamente a verificação”, afirmou.
A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) informou que está acompanhando a situação e ponderou que o tema exige uma análise mais profunda por se tratar de um “assunto novo”.
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Empresa de Sam Altman na mira das autoridades
Na última terça-feira (11), como relatado pelo Olhar Digital, a ANDP negou um pedido feito pela World — idealizada pelo CEO do ChatGPT, Sam Altman — de ampliação do prazo para alterar a política de compensação financeira em troca da coleta da biometria.
“A decisão reforça o compromisso da ANPD com a defesa dos direitos fundamentais de privacidade e a proteção dos dados pessoais, garantindo que essas prerrogativas sejam respeitadas nas atividades de tratamento de dados pessoais no país”, escreveu o órgão.
O objetivo do projeto World ID é criar um código de validação impossível de ser reproduzido por inteligência artificial. A empresa lidera o desenvolvimento de uma câmera chamada “Orb” que vai diferenciar humanos de robôs e IAs.
O que diz a World?
A empresa enviou a seguinte nota ao Olhar Digital:
A World oferece um canal de suporte no World App, pelo qual os atuais participantes podem esclarecer suas dúvidas a respeito dos tokens. Esclarece também que os operadores dos espaços físicos são o ponto de contato para orientação sobre o processo de verificação. O back-up do World App é fundamental para a utilização do app. No momento do download do World App, as pessoas têm a opção de fazer o back-up no local de sua preferência ou incluir um número de celular para recuperar a sua conta, o que é opcional. Não há período mínimo em que o World App precise estar instalado, podendo haver a desinstalação e a reinstalação, desde que tenha sido realizado o back-up.
World em nota