Paraíso submerso está ameaçado em estado brasileiro

Pesquisadores identificaram a morte de cerca de 80% dos corais na maior unidade de conservação marinha do Brasil
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 14/02/2025 11h47
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Imagem: Laboratório de Ecologia e Conservação (Ecoa)
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Uma das maiores barreira de corais do mundo fica no Brasil. Localizada ao longo de cerca de 130 km de extensão, de Tamandaré (PE) a Maceió (AL), ela abriga milhares de espécies que vivem nos mares, rios e manguezais.

A região faz parte da maior unidade de conservação marinha do Brasil, a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. No entanto, pesquisadores identificaram a morte de cerca de 80% dos corais nas áreas de recifes rasos do local.

Efeito das mudanças climáticas

A descoberta foi feita a partir de um monitoramento feito entre setembro de 2023 e novembro de 2024 pelo Laboratório de Ecologia e Conservação (Ecoa) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). De acordo com a equipe, os corais estão passando por um processo severo de branqueamento devido ao aquecimento das águas do oceano, um dos efeitos das mudanças climáticas. Além de impactar toda a vida marinha, este cenário pode trazer grandes impactos para o turismo e para a pesca.

Para tentar garantir a preservação e a recuperação de áreas mais críticas na Costa dos Corais, órgãos de fiscalização recorreram à Justiça. A alegação é que a pressão humana causada pelo turismo pode comprometer o ecossistema em função do pisoteio e quebra de corais, bem como pela poluição das águas por resíduos de combustível das embarcações, plásticos e outros produtos.

Corais brasileiros têm sido afetados pelo aquecimento das águas (Imagem: Projeto Recifal)

A prefeitura de Maragogi disse ainda que faz fiscalizações, mantendo a capacidade máxima das piscinas sob controle e assegurando que a visitação não cause danos ao meio ambiente. Ressaltou também que todas as piscinas naturais nas 10 outras praias do município continuam com a visitação normal.

Mas segundo especialistas isso não é o bastante. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por exemplo, alega que a recuperação dos recifes de corais é possível se a temperatura dos oceanos voltar a esfriar. Para isso, são necessárias ações urgentes de enfrentamento das mudanças climáticas. As informações são do G1.

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Branqueamento de corais pode causar danos irreversíveis à vida marinha (Imagem: OSJPHOTO/Shutterstock)

Branqueamento de corais: impacto para todo o ecossistema oceânico

  • De acordo com os cientistas, este fenômeno é causado pelo aquecimento excessivo do mar e pode resultar na morte de organismos espalhados por extensas áreas de recifes tropicais, incluindo partes da Grande Barreira de Corais da Austrália.
  • Desencadeado pelo estresse térmico, o branqueamento ocorre quando os corais expulsam as algas coloridas que vivem em seus tecidos.
  • Sem elas, os organismos ficam pálidos (sem as vislumbrantes cores) e vulneráveis a doenças e à fome, já que boa parte da sua energia vem da fotossíntese feita por essas algas.
  • Como corais são enormes refúgios de peixes e outras espécies, o fenômeno pode ser catastrófico para todo o ecossistema oceânico.
  • Além disso, deve impactar a pesca e turismo, que dependem de recifes saudáveis e coloridos para atrair mergulhadores.

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.