De olho na DeepSeek, OpenAI ensaia “modo adulto” no ChatGPT

Atualização na semana passada permite ao robô gerar algumas respostas de teor sexual ou envolvendo violência, mas ainda com restrições
Por Bob Furuya, editado por Ana Luiza Figueiredo 18/02/2025 12h59
Logo do ChatGPT e da OpenAI
(Imagem: Mamun sheikh K/Shutterstock)
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Como você vem acompanhando aqui no Olhar Digital, a DeepSeek mexeu com as estruturas do mercado de tecnologia. Se antes a OpenAI parecia reinar absoluta nesse universo, a startup chinesa chegou praticamente do nada e bateu de frente com a big tech. Mais do que apresentar soluções similares, a DeepSeek mostrou que é possível fazer isso gastando muito menos dinheiro.

Coincidência ou não (eu diria que não), a OpenAI acaba de atualizar as diretrizes dos seus modelos generativos. A ideia é mostrar como o ChatGPT se comporta e responde aos comandos dos usuários.

O último documento Model Spec era de 8 de maio de 2024 e tinha apenas 10 páginas. A nova versão foi publicada no dia 12 de fevereiro de 2025 e traz 63 páginas.

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A gigante americana detalha questões como customização, transparência e “liberdade intelectual”. O principal destaque dessa atualização, porém, diz respeito a uma espécie de “modo adulto” do chatbot.

Antes, o ChatGPT simplesmente ignorava assuntos delicados e polêmicos. Agora, o algoritmo permite algumas respostas com teor sexual ou envolvendo violência.

Essa mudança tem relação com a chegada da DeepSeek. Isso porque a IA chinesa é mais permissiva do que sua rival americana. Tirando questões políticas relacionadas ao Partido Comunista chinês, a DeepSeek não possui bloqueios de conteúdo.

Liberou, mas com limite

Ícones dos aplicativos do ChatGPT e do DeepSeek na tela inicial de iPhone
A empresa chinesa abalou as estruturas do mercado da Inteligência Artificial generativa – Imagem: Poetra.RH/Shutterstock
  • Essa flexibilização de conteúdo está em andamento desde maio de 2024 quando, pela primeira vez, a empresa mencionou o assunto.
  • À época, a OpenAI disse que estudava “se podemos fornecer de forma responsável a capacidade de gerar conteúdo NSFW em contextos apropriados para a idade”.
  • NSFW é a sigla para o termo em inglês “Not Safe For Work”, que é usado na internet para indicar material considerado inadequado.
  • Em testes compartilhados pelo Reddit agora, usuários alegam que os filtros de conteúdo do ChatGPT foram de fato relaxados.
  • Alguns desses usuários conseguiram até gerar cenas explícitas de sexo ou violência sem aviso de conteúdo sensível.
  • Antes da mudança, o ChatGPT podia, por exemplo, se recusar a responder perguntas sobre órgãos reprodutivos.
  • Ele agora o fará, mas usando termos médicos e linguagem técnica.
  • O usuário também poderá pedir ao bot que redija cenas eróticas — coisa que ele aceitará fazer, mas sem utilizar linguagem sexual explícita, segundo a OpenAI.

Assuntos proibidos

Apesar da flexibilização, o Model Spec ainda possui uma lista de assuntos proibidos. O principal deles diz respeito a “conteúdo sexual envolvendo menores de idade”. A empresa entende que gerar qualquer material sexual que envolva menores é sempre fora dos limites.

Quem usou o termo “modo adulto” foi o próprio CEO da OpenAI, Sam Altman – Imagem: Antonello Marangi / Shutterstock

Além disso, a OpenAI afirma que considera restritos todo tipo de conteúdo que inclua “riscos informacionais e dados pessoais sensíveis”. Ou seja, o chatbot vai nunca gerar informações que causem dano, como instruções para fabricar bombas ou drogas ilegais — ou ainda fornecer dados pessoais sensíveis, como o endereço ou o número do documento de uma pessoa.

Por fim, a companhia fala ainda em “conteúdo sensível em contextos apropriados”. E aí entram os tópicos eróticos e de violência textual sobre os quais falamos há pouco.

Vale destacar que todas essas mudanças já estão valendo e não precisam ser “acionadas” nas configurações do aplicativo. Por se tratarem de diretrizes, elas valem para todos. O que nos resta agora é aguardar os próximos dias para ver como elas funcionarão no mundo real e no dia a dia das pessoas.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.