Apple cede à pressão da Indonésia e retoma vendas do iPhone

Governo indonésio citou falhas nos requisitos de fabricação doméstica com objetivo de favorecer produção local da big tech
Por Bruna Barone, editado por Rodrigo Mozelli 27/02/2025 03h30
Logo da Apple na fachada de uma loja da empresa
País asiático é ponto estratégico para a maçã (Imagem: rukawajung/Shutterstock)
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O governo da Indonésia, maior país do Sudeste Asiático, enfim, chegou a acordo para que a Apple retome as vendas por lá. O anúncio foi feito pelo Ministro da Indústria local, Agus Gumiwang Kartasasmita, em coletiva de imprensa em Jacarta, segundo a Bloomberg.

Depois de cinco meses de negociações, será emitida a autorização que permite as operações da empresa estadunidense em solo indonésio. Até então, o governo citava falhas nos requisitos de fabricação doméstica para smartphones e tablets.

Isso forçou a Apple a apresentar plano de investimentos regionalizado: no mês passado, a big tech prometeu US$ 1 bilhão (R$ 5,77 bilhões, na conversão direta) em financiamentos, oferta que agradou ao presidente Prabowo Subianto, mas que passou por ajustes nas últimas semanas.

Airtag
Indonésia terá nova fábrica para produzir AirTags (Imagem: Wachiwit/Shutterstock)

O acordo inclui a construção de fábrica na ilha de Batam para produzir AirTags, dispositivo que permite rastrear bagagens, animais de estimação ou outros pertences. A unidade será operada pela Luxshare Precision, uma das principais fornecedoras da empresa da maçã.

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  • Segundo a Bloomberg, o acordo é visto como vitória pelo governo da Indonésia, que tem pressionado empresas estrangeiras a impulsionar a fabricação local e não apenas usar o país como um “centro de vendas”;
  • Um porta-voz da Apple disse à reportagem que a empresa está “animada para expandir os investimentos pela Indonésia e mal pode esperar para trazer todos os produtos inovadores da Apple, incluindo a família iPhone 16, com o novo iPhone 16e, para os clientes”;
  • O mercado local é estratégico para a big tech, que, por enquanto, está fora das cinco principais marcas de smartphones no país, mas com grande potencial de público: mais da metade da população de 278 milhões de pessoas têm menos de 44 anos e mantém forte vínculo com tecnologia, como destaca a Bloomberg.

Vale dizer que a tática do governo indonésio tem suas semelhanças com as ameaças do presidente Donald Trump de taxar importações de produtos chineses — muitos deles usados pela Apple — com o objetivo de favorecer a produção local. A estratégia surtiu efeito: a empresa anunciou o maior plano de investimentos da história nos EUA, com previsão de gastos de US$ 500 bilhões (R$ 2,88 trilhões) nos próximos cinco anos.

iphone 16
iPhone 16 é aposta da Apple no mercado indonésio (Imagem: Wongsakorn Napaeng/Shutterstock)
Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.