Estudo pode mudar o que sabemos sobre a origem dos neandertais

Equipe internacional comparou amostras dos chamados canais semicirculares de fósseis encontrados na Espanha e na Croácia
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 10/03/2025 17h02
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Declínio da população começou há cerca de 110.000 anos (Imagem: Neil Howard/Divulgação)
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Um novo estudo coloca em xeque a ideia de que a origem da linhagem neandertal estava associada a uma perda significativa de diversidade genética. A dúvida surgiu após análises em estruturas do ouvido interno de duas coleções de fósseis feitas por uma equipe internacional de acadêmicos da Universidade Binghamton e da Universidade Estadual de Nova York.

O estudo publicado na Nature Communications mediu a diversidade morfológica nos canais semicirculares em áreas responsáveis ​​pelo nosso senso de equilíbrio. Foram feitas observações em fósseis encontrados em Atapuerca, na Espanha, Krapina, na Croácia, além de sítios da Ásia Ocidental.

“O desenvolvimento das estruturas do ouvido interno é conhecido por estar sob controle genético muito rígido, uma vez que elas são completamente formadas no momento do nascimento. Isso torna a variação nos canais semicirculares um proxy ideal para estudar relações evolutivas entre espécies no passado”, explicou o professor de antropologia Rolf Quam.

Pesquisadores analisaram área responsável pelo senso de equilíbrio em humanos (Imagem: Reprodução)

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Entendendo a pesquisa

  • Encontrados em Atapuerca, os chamados “pré-neandertais” datam de cerca de 400.000 e são considerados “ancestrais neandertais claros”;
  • Já os neandertais surgiram há cerca de 250.000 anos dessas populações que habitaram o continente eurasiano entre 500.000 e 250.000 anos atrás;
  • A coleção mais completa de neandertais primitivos é datada de aproximadamente 130.000 anos atrás e foi identificada no sítio croata de Krapina;
  • Os pesquisadores compararam as amostras dos neandertais “clássicos” de diferentes idades e origens geográficas para calcular a diversidade morfológica com os demais;
  • O resultado revelou uma perda drástica de diversidade genética entre os primeiros neandertais e os neandertais “clássicos” posteriores;
  • A perda genética é conhecida como “gargalo” e pode ser associada a uma redução no número de indivíduos de uma população;
  • No caso dos neandertais, os dados de DNA antigo indicam que o declínio na variação genética ocorreu há aproximadamente 110.000 anos.
Gráfico mostra queda da variação genética entre neandertais (Imagem: Reprodução)

“Ficamos surpresos ao descobrir que os pré-neandertais de Sima de los Huesos exibiram um nível de diversidade morfológica semelhante ao dos primeiros neandertais de Krapina”, disse Alessandro Urciuoli, autor principal do estudo. “Isso desafia a suposição comum de um evento de gargalo na origem da linhagem neandertal.”

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.