Labradores e humanos compartilham os mesmos genes da obesidade

Pesquisadores identificaram nos cachorros cada um dos cinco principais genes que aumentam o risco de ganho de peso em humanos
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 11/03/2025 07h03, atualizada em 01/04/2025 10h16
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Imagem: Kristina Chizhmar/Shutterstock
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Os casos de obesidade podem ser explicados por dois fatores. Os genes são responsáveis por 40% a 70% do problema, enquanto o restante está relacionado ao modo de vida adotado por cada pessoa, como alimentação e prática de exercício.

E agora, segundo um novo estudo, algo parecido acontece com os cães labradores.

Domesticação dos cães pode explicar compartilhamento dos genes

  • No trabalho, a equipe de cientistas identificou cada um dos cinco principais genes que aumentam o risco de ganho de peso em humanos também em cachorros da raça.
  • Isso, no entanto, não é algo surpreendente.
  • Tanto os cães quanto os humanos evoluíram para lidar com ciclos de excesso de comida e fome.
  • Por isso, ambos têm mecanismos cerebrais que impulsionam a fome e a saciedade para garantir que a ingestão de alimentos atenda às nossas necessidades diárias de energia.
  • E embora muitas vezes pensemos na gordura como um problema, ela serve como uma reserva de energia para recorrer em tempos em que a comida é escassa.
  • Ainda segundo o estudo, a domesticação dos animais acabou interferindo na função destes genes.
Gene atua no cérebro ativando receptores para reduzir a fome e aumentar o uso de energia (Imagem: T.Vyc/Shutterstock)

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Efeito importante no peso dos animais

De acordo com artigo publicado por Eleanor Raffan, professora da Universidade de Cambridge, no portal The Conversation, os resultados da pesquisa indicam que os genes têm um grande efeito no peso corporal dos cachorros.

Isso é resultado da ação do principal gene de obesidade, o DENND1B. Os cães que carregam a versão problemática desse gene apresentaram cerca de 8% mais gordura corporal. Acontece que ele tem um papel na regulação do peso corporal pelo cérebro, para cães e humanos.

Representação de um DNA
Estudo descobriu características semelhantes nos genes de humanos e cães quando o assunto é obesidade (Imagem: Billion Photos/Shutterstock)

Este gene atua no cérebro ativando “receptores de melanocortina” para reduzir a fome e aumentar o uso de energia. O sistema impulsiona a ingestão de alimentos em tempos de fome e a reduz quando o corpo tem boas reservas de energia.

Cada um dos cinco principais genes que aumentaram o risco de ganho de peso em labradores também foram implicados na obesidade humana. Esse cruzamento não é surpreendente; tanto cães quanto humanos evoluíram para lidar com ciclos de excesso de comida e fome. Ambos têm mecanismos cerebrais que impulsionam a fome e a saciedade para garantir que a ingestão de alimentos atenda às nossas necessidades diárias de energia.

Eleanor Raffan
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.