Rodovia em construção no Pará recebe críticas de ambientalistas

Rodovia terá quatro faixas e cortará dezenas de milhares de hectares de floresta amazônica, o que está gerando críticas de ambientalistas
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 13/03/2025 12h01, atualizada em 15/03/2025 15h28
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De borracha a soja, a Amazônia sempre atraiu exploradores; hoje, os minerais são o novo foco de interesses externos. Crédito: Nelson Antoine - Shutterstock
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As discussões sobre a adoção de medidas globais para combater as mudanças climáticas nunca foram tão necessárias. E o Brasil pode ter um papel importante neste cenário. O país vai sediar a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, no final deste ano.

A cidade de Belém, no Pará, está recebendo uma série de reformas. Entre elas está uma nova rodovia de quatro faixas que corta dezenas de milhares de hectares de floresta amazônica. O governo estadual afirma que a obra é “sustentável”, mas moradores e ambientalistas criticam o impacto ambiental dela.

Discussões sobre os impactos da rodovia

A rodovia está sendo construída com o objetivo de facilitar o tráfego para a capital paraense, que vai receber mais de 50 mil pessoas, incluindo líderes mundiais, na conferência. Segundo reportagem da BBC, a obra já está em andamento, com toras de madeira empilhadas nas áreas desmatadas, que se estendem por mais de 13 km floresta adentro até Belém.

O projeto de construção da rodovia, chamada de Avenida Liberdade, foi apresentado ainda em 2012, mas foi engavetado devido a preocupações ambientais. Agora, uma série de projetos de infraestrutura foram retomados ou aprovados para preparar a cidade para a cúpula da COP.

O Governo Federal rebate a reportagem da BBC e diz que as obras não têm relação com o evento.

A Secretaria Extraordinária para a COP30, vinculada à Casa Civil da Presidência da República do Brasil, esclarece que a obra para construção da rodovia Avenida Liberdade, em Belém do Pará, que é foco da reportagem intitulada “Amazon forest felled to build road for climate summit”, traduzida para o português “A estrada construída para a COP30 em Belém que vai desmatar a Amazônia”, produzida pela agência de notícias britânica BBC e veiculada em vários meios de comunicação brasileiros, não é de responsabilidade do governo federal ou faz parte das 33 obras de infraestrutura previstas para a realização da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) em novembro deste ano.  

Nota do Governo Federal
desmatamento na Amazônia
Obra pode impulsionar desmatamento da floresta (Imagem: PARALAXIS/Shutterstock)

Críticos da obra alegam que a Amazônia desempenha um papel vital na absorção de carbono para o planeta e na preservação da biodiversidade, e que esse desmatamento contradiz o próprio propósito de uma conferência climática.

Além disso, citam que a estrada vai deixar duas áreas de floresta protegida desconectadas, o que gera riscos de fragmentação do ecossistema e de interrupção no deslocamento da fauna. No entanto, o governo do Pará argumenta que corredores para a passagem de animais silvestres estão sendo construídos.

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Imagem mostra uma região da floresta amazônica, iluminada pelo pôr do sol, com as árvores e neblina na parte de baixo
Autoridades brasileiras garantem preservação da Amazônia (Imagem: streetflash/Shutterstock)

Veja a manifestação oficial do governo do Pará sobre o assunto

“A obra da Avenida Liberdade não está derrubando a floresta, não envolve a retirada de moradores e não faz parte do pacote de investimentos federais e estaduais para a COP 30. O rito de licenciamento ambiental foi rigorosamente cumprido, inclusive com audiências públicas para ouvir as comunidades e discutir mitigação de riscos, que condicionam todo o licenciamento. As comunidades estão sendo beneficiadas com infraestrutura e serviços que vão resultar em melhora da qualidade de vida.

A avenida é um projeto antigo e está sendo construída em uma área já antropizada, por onde passa um linhão de energia. O traçado segue justamente a faixa onde a vegetação foi anteriormente suprimida. O Governo do Pará está implementando diversas soluções estratégicas para assegurar a sustentabilidade da via, incluindo a construção de ciclovias, a utilização de energia solar para sua iluminação e a implantação de 34 passagens de vida silvestre ao longo do percurso para permitir o livre tráfego da fauna local.

A avenida de cerca de 13 km é uma importante obra de mobilidade para a Região Metropolitana de Belém, vai beneficiar mais de 2 milhões de pessoas e foi licitada antes mesmo de Belém ser definida como sede da conferência. Esse projeto não faz parte do pacote de investimentos para a COP, que contempla cerca de 30 obras estruturantes desenvolvidas pelo governo do Estado”.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.