Por que os gatos são considerados um mistério para a ciência?

A falta de estudos e o próprio comportamento dos gatos dificulta uma melhor compreensão em relação a estes animais
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 15/03/2025 09h02, atualizada em 18/03/2025 06h13
Gato no colo de uma pessoa sendo acariciado
Apesar de haver muitos benefícios, não há isenção completa de riscos (Imagem: Magui RF/Shutterstock)
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Nas últimas décadas, a medicina veterinária conseguiu avanços enormes, permitindo que animais recebam tratamentos cada vez mais completos. No entanto, esse progresso é menos perceptível quando falamos dos gatos.

De acordo com pesquisadores, o interesse no estudo dos felinos é muito menor do que o dos cachorros, por exemplo. Este cenário fez com que esses bichanos sejam consideradas um mistério até hoje para a ciência.

Cães e gatos metabolizam medicamentos de forma diferente

  • Historicamente, muitos veterinários trataram gatos como se fossem cães pequenos, utilizando testes e tratamentos desenvolvidos para pacientes caninos no cuidado dos felinos.
  • Isso pode ser explicado pelo fato de que os donos de animais levam os cães ao veterinário com mais frequência do que levam os gatos.
  • Mesmo na faculdade de veterinária, onde os alunos treinam para várias especialidades, os cães há muito tempo são a referência padrão.
  • Com o tempo, no entanto, ficou cada vez mais evidente que o que funciona para um pode ser inútil, ou prejudicial, para o outro.
  • Isso porque cães e gatos metabolizam medicamentos de forma diferente, o que faz com que alguns remédios sejam tóxicos para os felinos.
gato e cachorro em um jardim
Gatos e cachorros são muito diferentes (Imagem: Andrew S/Unsplash)

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Comportamento felino dificulta identificação de problemas

Outra dificuldade diz respeito ao próprio comportamento dos animais. Os gatos são mestres em mascarar seus sintomas. Além disso, os sinais de doenças podem se manifestar de forma diferente em relação aos cães, dificultando o diagnóstico.

Em cachorros com artrite, por exemplo, geralmente o hábito de mancar ao caminhar, o que é fácil de notar durante os passeios, indica o problema. Já os gatos continuam andando normalmente e podem apresentar como sintomas pular no sofá com menos frequência ou parecer mais irritadiços.

É mais difícil detectar doenças em felinos (Imagem: Julia Cherk/Shutterstock)

Para mudar este cenário, pesquisadores estão tentando mapear o DNA dos felinos. Mas, ao contrário dos cães, os gatos tendem a ser altamente relutantes em doar saliva. Por isso, os pesquisadores estão investigando se podem sequenciar o genoma usando apenas alguns fios de pelo coletados com um pente.

Os dados resultantes deste trabalho podem abrir caminho para uma melhor compreensão do funcionamento dos corpos dos gatos e do que fazer quando algo dá errado. As informações são do The New York Times.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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