Arquivos secretos sobre assassinato de Kennedy citam Brasil; veja como acessar

Um dos documentos trata de uma oferta de auxílio de China e Cuba, em 1961, e outro sobre a influência do regime cubano no Brasil
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 20/03/2025 10h27
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Imagem: New Africa/Shutterstock
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O governo dos Estados Unidos liberou milhares de registros relacionados ao assassinato do ex-presidente John F. Kennedy, em 1963. O presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva determinando a divulgação dos documentos.

Alguns dos arquivos citam o Brasil. Um deles trata sobre uma oferta de auxílio de China e Cuba, em 1961, e outro sobre influência do regime cubano e a “operação de propaganda” do país caribenho em território brasileiro.

Cerca de 80 mil páginas relacionadas ao caso foram liberadas, estando disponíveis para consulta no site dos Arquivos Nacionais dos EUA (os registros estão em inglês).

Oferecimento de ajuda para Leonel Brizola

De acordo com um dos arquivos, datado de 1961, Mao Tsé-Tung, então líder do Partido Comunista da China, e Fidel Castro, primeiro-ministro de Cuba, ofereceram “materiais, “suporte” e “voluntários” para Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, em agosto daquele ano. Na ocasião, Brizola estava liderando os esforços para sucessão de poder no Brasil após a renúncia de Jânio Quadros.

China e Cuba teriam oferecido ajuda ao Brasil (Imagem: divulgação/Arquivo Nacional dos EUA)

O presidente brasileiro havia tentado um “autogolpe” na esperança de que a renúncia não fosse aceita e que, com o clamor de autoridades e da população, ele ganhasse mais poder. No entanto, a saída de Quadros acabou aceita e começaram os trabalhos para a posse do vice-presidente João Goulart, que acabou deposto em 1964 com o início da Ditadura Militar.

O arquivo da CIA cita que Brizola agradeceu a oferta de ajuda dos líderes de Cuba e China, mas acabou a recusando. De acordo com o governo dos EUA, o governador não queria levar a crise no Brasil ao cenário internacional, temendo uma possível reação dos norte-americanos. Por fim, o documento ressalta que a oferta de auxílio de Fidel Castro foi descoberta e relatada pela imprensa, enquanto a de Mao Tsé-Tung, não.

Leia mais

Documento cita operações de Cuba no Brasil (Imagem: divulgação/Arquivo Nacional dos EUA)

Atividade do regime cubano no Brasil

  • Um outro documento, datado de julho de 1964, relata o que seriam “esforços de subversão de Cuba na América Latina” desde julho de 1963.
  • O arquivo afirma que o governo do país caribenho acreditava que era possível fazer uma “segunda Cuba” na Venezuela.
  • Ele pontua que Che Guevara afirmou à época que a disseminação da “revolução” era “nossa responsabilidade e é parte de nossa preocupação diária”.
  • Além disso, destaca que Cuba promoveu o financiamento de grupos pró-Castro no Brasil antes da tomada do poder pelos militares.
  • Em outro trecho, o documento diz que a derrubada do então presidente João Goulart com a ditadura no Brasil foi uma “derrota severa” para os cubanos.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.