A Funai divulgou imagens inéditas de povos isolados na Terra Indígena (TI) Massaco, em Rondônia, e na Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo, em Mato Grosso. As gravações revelam informações até então desconhecidas sobre os hábitos de vida de ambas as populações.
Em fevereiro, uma câmera instalada em uma trilha durante uma expedição em Massaco capturou a atividade de um grupo de nove indígenas, todos do sexo masculino, com idades estimadas entre 20 e 40 anos.
Eles retiraram facões e machados deixados por uma equipe da Funai em janeiro de 2021. Segundo a fundação, apesar de a câmera estar visível, nenhum dos indígenas se aproximou do aparelho — nem por curiosidade. No entanto, o grupo deixou diversas armadilhas pontiagudas conhecidas como estrepes.

“Nota-se que foi uma aproximação planejada e organizada, com um grupo de pessoas, somente homens, a maioria jovens, preparados com inúmeros estrepes confeccionados que foram colocados nos locais de presença do não indígena e na própria trilha por onde chegaram e retornaram, caso alguém os seguisse”, disse o sertanista da Funai Altair Algayer, que liderou a expedição.
Segundo ele, as imagens mostram como aquele povo indígena prioriza seus movimentos de acordo com os ciclos climáticos da região, a prática de nomadismo, a aptidão pela caça e coleta, além de hábitos alimentares e estilo arquitetônico das suas habitações.
A Terra Indígena Massaco compreende uma área de 421.895 hectares, localizada nos municípios de Alta Floresta D’Oeste e São Francisco do Guaporé. A etnia ainda é desconhecida e a maioria vive na Reserva Biológica do Guaporé.
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Expedição pelo Rio Pardo
Em julho do ano passado, a Funai também organizou uma expedição pela Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo localizada no município de Colniza, no estado do Mato Grosso, em uma área de 411.844 hectares. O processo de demarcação está pendente na Justiça.

Foram encontrados sinais claros de presença indígena, como pegadas, vestígios de coleta de mel e utensílios. Os agentes também constataram que o grupo indígena segue em boas condições, incluindo novos núcleos familiares e crescimento demográfico.
A equipe identificou pegadas no igarapé, incluindo de crianças (possivelmente a de um bebê observada em outra expedição de 2022). Também encontraram uma cumbuca produzida a partir da folha da paxiúba, abandonada às margens do igarapé.
Os indígenas vivem em uma área de muita pressão grileira e madeireira, segundo a Funai, o que indica que já tiveram contato com ferramentas como machados e facões. Muitos deles podem buscar utensílios nas fazendas do entorno, os colocando em risco.
“Sendo assim, colocamos essas ferramentas, de anos em anos, no interior da floresta, a fim de evitar que eles as procurem nas fazendas. Ou seja, é uma atitude preventiva, justamente para evitar um contato indesejado”, afirma o coordenador da FPE Madeirinha-Juruena, Jair Candor.