Bactéria “comedora de carne” está mais resistente a antibióticos

CDC defendeu pesquisas para uma vacina, melhor acesso ao tratamento de feridas e uma nova modelagem epidemiológica
Por Bruna Barone, editado por Lucas Soares 09/04/2025 20h15
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Todas as cepas ainda são tratadas com β-lactâmicos (Imagem: Gilnature/iStock)
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Os casos de infecções por uma bactéria “comedora de carne” mais que dobraram nos Estados Unidos, de acordo com um estudo que avaliou o cenário entre 2012 e 2022. A pesquisa também mostrou que o estreptococo tornou-se resistente a antibióticos comuns.

O levantamento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) engloba cerca de 35 milhões de americanos em 10 estados: Califórnia, Colorado, Geórgia, Maryland, Oregon, Nova York, Novo México, Tennessee, Connecticut e Minnesota.

A bactéria Streptococcus pyogenes pode desencadear fasceíte necrosante, uma doença devoradora de carne, bem como a síndrome do choque tóxico, uma infecção semelhante à sepse que pode desencadear falência de órgãos.

Levantamento foi feito pelo CDC em 10 estados americanos (Imagem: hapabapa/iStock)

Descobertas da pesquisa

  • A prevalência de estreptococos mais que dobrou, de 3,6 por 100.000 pessoas para 28,2 por 100.000 pessoas;
  • No total, os casos anuais aumentaram de 1.082 em 2013 para 2.759 em 2022;
  • Pessoas em instituições de longa permanência, como asilos, tiveram quase o dobro do risco de morrer devido à infecção (17,7% dos casos);
  • Ao longo de 10 anos, as cepas mais raras que causam infecção aumentaram de 0,3% para 26,9%, incluindo as que desencadeiam infecções carnívoras;
  • A resistência antimicrobiana aumentou, particularmente em resposta à clindamicina e macrolídeos (de 12,7% para 33,1%) e à tetraciclina (16,2% para 45,1%);
  • Todas as cepas ainda são tratadas com β-lactâmicos, como penicilina e ampicilina.
CDC defende nova modelagem epidemiológica para rastrear a resistência antimicrobiana (Imagem: Md Ariful Islam/iStock)

Leia Mais:

O que aprenderam com o estudo?

O CDC defendeu pesquisas para uma vacina contra as doenças, melhor acesso ao tratamento de feridas e uma nova modelagem epidemiológica para rastrear a resistência antimicrobiana.

“A vigilância contínua para monitorar a carga da doença, a distribuição das cepas e a resistência antimicrobiana é essencial. Uma melhor compreensão dos fatores que impulsionam a transmissão de GAS e o aumento da incidência da doença pode orientar os esforços de prevenção e controle antes da disponibilidade de uma vacina licenciada.”

A contaminação por estreptococo se dá por meio de gotículas no ar de uma pessoa infectada ao tossir, espirrar ou falar. Também é possível se infectar tocando em superfícies contaminadas, seja maçanetas a lesões na pele, ou compartilhando utensílios.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.