Foguete nuclear pode reduzir tempo de viagem a Marte pela metade

Protótipo baseado em fusão nuclear será testado em órbita em 2027; promessa é de atingir velocidade de 805.000 quilômetros por hora
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 17/04/2025 05h58, atualizada em 18/04/2025 21h18
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A startup britânica Pulsar Fusion revelou o conceito de um foguete com propulsão baseada em fusão nuclear. O modelo Sunbird foi projetado para “redefinir viagens espaciais”, atingindo velocidades inéditas no setor aeroespacial.

A ideia é que as espaçonaves em órbita se acoplem ao foguete para chegar ao destino em alta velocidade.

As naves poderiam chegar a 805.000 quilômetros por hora — mais do que o objeto mais rápido já construído, a Sonda Solar Parker da NASA, que atingiu 692.000 quilômetros por hora usando a força gravitacional do Sol.

O Sunbird ainda está nos estágios iniciais de construção, mas a empresa acredita que será possível realizar testes em órbita pela primeira vez em 2027. Com protótipo estimado em US$ 70 milhões, o projeto é financiado pela Agência Espacial do Reino Unido.

Protótipo tem custo estimado em US$ 70 milhões (Imagem: Pulsar Fusion/Divulgação)

Por que apostar na fusão nuclear?

A fusão nuclear tem desafiado cientistas há décadas — afinal, tentar replicar o funcionamento interno de uma estrela na Terra não é tarefa simples. O processo libera quatro milhões de vezes mais energia do que os combustíveis fósseis.

Ao contrário da fissão nuclear, que demanda materiais radioativos perigosos, a fusão requer elementos muito leves, como o hidrogênio, para combiná-los com elementos mais pesados em condições de temperaturas e pressões extremamente altas.

“É muito antinatural fazer fusão na Terra”, afirmou Richard Dinan, fundador e CEO da Pulsar, à CNN. “A fusão não funciona na atmosfera. O espaço é um lugar muito mais lógico e sensato para fazer fusão, porque é lá que ela quer acontecer de qualquer maneira.”

O Sunbird usa ímãs que aquecem um plasma para fundir o combustível do foguete, hélio-3, produzindo prótons que funcionariam como um “exaustor nuclear” para fornecer propulsão, impulsionando a espaçonave.

Estações de recarga seriam colocadas no espaço (Imagem: Pulsar Fusion/Divulgação)

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Menos tempo de viagem

Em missões interplanetárias, os Sunbirds poderiam transportar até 2.000 quilos de carga para Marte em menos de seis meses ou enviar sondas para Júpiter ou Saturno em dois a quatro anos. Uma missão de mineração em asteroides duraria de um a dois anos, e não mais três.

A empresa também espera criar estações de recarga no espaço, possivelmente nas proximidades de Marte e em uma estação em órbita baixa da Terra.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.