NASA preserva caranguejo mais antigo que os dinossauros

Verdadeiro sobrevivente de 450 milhões de anos encontra refúgio no Centro Espacial Kennedy
Por Rodrigo Mozelli, editado por Bruno Capozzi 24/04/2025 23h26, atualizada em 25/04/2025 20h52
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Os caranguejos-ferradura (Limulus polyphemus) são verdadeiras relíquias vivas que testemunharam a evolução da Terra muito antes dos dinossauros surgirem.

Estas criaturas ancestrais, que sobrevivem praticamente inalteradas há 450 milhões de anos, encontraram um lar improvável no Centro Espacial Kennedy da NASA, na Flórida (EUA).

O complexo aeroespacial abriga não apenas o programa espacial estadunidense, mas, também, serve como refúgio para mais de 1,5 mil espécies de flora e fauna, tornando-se um dos pontos de maior biodiversidade nos Estados Unidos.

Caranguejos sendo medidos
(Imagem: Reprodução/NASA)

Em celebração ao Dia da Terra, comemorado na terça-feira (22), a NASA destacou a importância ecológica destes antigos artrópodes.

“Os caranguejos-ferradura são espécies-chave nos ecossistemas costeiros e estuarinos ao redor do porto espacial”, explica James T. Brooks, especialista em proteção ambiental da NASA.

“Seus ovos são fonte vital de alimento para aves limícolas migratórias em ambientes costeiros e seus hábitos alimentares ajudam a moldar a composição de plantas e animais que habitam o fundo oceânico, rios e lagos.”

Brooks também ressalta que alterações nas populações destes caranguejos podem indicar problemas ecológicos mais amplos, como contaminação ambiental ou degradação de habitats.

Estes antigos artrópodes funcionam como bioindicadores essenciais, revelando a capacidade do ecossistema de manter diversas espécies dependentes, como aves migratórias, tartarugas marinhas, jacarés e outros animais selvagens. Sua presença e abundância oferecem panorama confiável sobre a saúde ambiental dessas áreas vitais.

Leia mais:

Monitoramento científico da NASA

O serviço de streaming gratuito NASA+ documenta o trabalho de biólogos que rastreiam estes animais nas praias da região.

Os cientistas contabilizam avistamentos e marcam os espécimes com dispositivos para estudar padrões migratórios e taxas de sobrevivência.

O monitoramento intensifica-se durante os períodos de reprodução na primavera e verão, quando os especialistas acompanham a desova, avaliam a saúde do habitat e analisam tendências populacionais. Estas informações são cruciais para determinar a saúde geral do ecossistema local.

Caranguejo na mão de um homem
Antigos artrópodes funcionam como bioindicadores essenciais (Imagem: NASA)

Veja mais no vídeo abaixo:

Contribuição para a medicina

  • Além de seu valor ecológico, os caranguejos-ferradura possuem importância significativa para a saúde humana;
  • Seu singular sangue azul, baseado em cobre, contém o Lisado de Amebócitos de Limulus, substância capaz de detectar contaminações bacterianas em equipamentos médicos, produtos farmacêuticos e vacinas;
  • Reconhecendo a relevância desta espécie ancestral, a NASA apoia projetos de restauração de habitat, incluindo a reconstrução de margens costeiras danificadas por eventos climáticos e a minimização do impacto humano em áreas de nidificação.

Conheça a espécie invasora que está dominando os oceanos

Espécie invasora é qualquer animal ou planta que esteja fora do seu habitat natural e que pode causar danos ao ecossistema local. Um dos casos recentes mais famosos aqui no Brasil é o do peixe-leão, uma pequena criatura natural dos oceanos Índico e Pacífico que chegou há alguns anos no Atlântico.

A lista de espécies invasoras no Brasil é extensa e inclui alguns animais que a maioria das pessoas acham que sempre foram nativos daqui. É o caso da tilápia. O peixe é originário do continente africano, mas já dominou vários rios de diferentes regiões do país.

Leia a reportagem completa aqui

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.