Por que civilizações antigas construíam cidades subterrâneas?

Civilizações antigas deixaram um legado intrigante com suas cidades subterrâneas, estruturas que misturam estratégia, proteção e mistérios históricos
Por Simone Cordeiro, editado por Layse Ventura 25/04/2025 02h00
Derinkuyu caverna cidade subterrânea, Capadócia, Turquia .Fundo de viagem/ Mulher de jaqueta vermelha e calça jeans de costas na imagem.
Derinkuyu caverna cidade subterrânea, Capadócia, Turquia/Shutterstock_natalia_maroz
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Este ano, cientistas da Itália e Escócia anunciaram a descoberta de estruturas sob as pirâmides do Egito, descritas como uma possível cidade subterrânea.

Entretanto, a afirmação foi prontamente refutada por especialistas renomados, incluindo o egiptólogo Zahi Hawass, que classificou as declarações como imprecisas e desprovidas de base científica. Teorias a parte, você já parou para pensar por que civilizações antigas construíam cidades subterrâneas, afinal?

Por que civilizações como incas, egípcios, turcos e até franceses investiram tanto na construção de cidades subterrâneas? Essas estruturas enigmáticas, que atravessam gerações e culturas, continuam despertando curiosidade e levantando teorias sobre seus propósitos.

Explore os mistérios por trás dessas obras e descubra as motivações históricas que levaram povos ao longo dos séculos a criar verdadeiros labirintos sob a terra.

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Civilizações antigas que possuem em sua história a construção de cidades subterrâneas

Civilização Inca (Armazenamento e passagens)

Império Inca em Sacsayhuamán. Esta antiga fortaleza, com suas paredes ciclópicas e esculturas intrincadas, é uma visita obrigatória para qualquer entusiasta da história.
Os incas construíram passagens subterrâneas estratégicas, como os túneis que conectavam Sacsayhuamán ao templo de Coricancha/Shutterstock_Foto de iluppai

Ao contrário da ideia de civilizações que habitavam cavernas ou túneis subterrâneos, os incas utilizavam essas construções com propósitos práticos e estratégicos.

Essas estruturas eram projetadas para atender necessidades específicas, como sistemas de drenagem eficientes, reservatórios para armazenamento de água e práticas agrícolas em terrenos desafiadores. Essa abordagem demonstrava a engenhosidade e o profundo conhecimento técnico desse povo em relação ao ambiente onde viviam.

Os incas usavam essas construções para servir como túneis e passagens subterrâneas, fundamentais para conectar locais de relevância cultural e espiritual, como Sacsayhuamán e o templo de Coricancha. Além disso, é possível que algumas dessas estruturas tenham servido a propósitos ritualísticos, refletindo a crença dos incas no mundo subterrâneo, conhecido como UkuPacha.

Egito (Câmaras para túmulos)

A entrada original da Grande Pirâmide de Quéops em Gizé vista neste close-up com blocos de calcário angulares, de onde uma passagem descendente inclina-se para a câmara subterrânea perto do Cairo, Egito.
A entrada original da Grande Pirâmide de Quéops/Shutterstock_CK-TravelPhotos

Assim como os incas, os egípcios não construíam cidades subterrâneas destinadas à habitação. No entanto, suas estruturas abaixo do solo, como as câmaras nas pirâmides, eram projetadas para funções específicas, incluindo túmulos reais e locais de culto.

A recente descoberta na Itália desafia essa visão tradicional. Afinal, estudos de radar indicam a existência de uma extensa estrutura subterrânea sob as pirâmides de Gizé, levantando hipóteses sobre uma possível rede de energia e questionando a ideia de que as câmaras abaixo das pirâmides eram exclusivamente túmulos.

Turquia (Refúgio contra invasões)

Cidade subterrânea de Derinkuyu, antiga caverna na Capadócia, Turquia, local de viagem de Goreme.
A cidade subterrânea de Derinkuyu, na Turquia, é um impressionante complexo escavado na rocha/Shutterstock_Parilov

As cidades subterrâneas da Turquia, como Derinkuyu, foram projetadas, de acordo com arqueólogos, para proteger os habitantes durante períodos de conflitos e ataques, além de oferecer abrigo contra condições climáticas severas.

Essas estruturas também desempenharam um papel crucial como refúgios para indivíduos perseguidos por motivos religiosos ou políticos, destacando sua importância histórica e estratégica.

A cidade de Derinkuyu é a maior cidade subterrânea já descoberta no mundo, estendendo-se por mais de 85 metros abaixo da superfície, com mais de 18 níveis de túneis. Embora tenha sido um ponto turístico por muitos anos, a região foi declarada Patrimônio Mundial da Unesco em 1985.

França (Cemitério subterrâneo e bunkers)

A antiga Cité souterraine de Naours no departamento de Somme, Picardia, França, 23-07-2023
Túneis da da antiga Cité souterraine de Naours no departamento de Somme/Shutterstock_Traveller70

As Catacumbas de Paris, criadas no século XVIII para resolver a superlotação dos cemitérios, são um dos exemplos mais emblemáticos do legado subterrâneo da França. Esses túneis, que armazenam ossos de milhões de pessoas, misturam história, memória e urbanismo, atraindo curiosidade e visitantes de todo o mundo.

Além disso, estruturas subterrâneas francesas, como a cidade de Naours, tiveram um papel importante ao longo da história. Naours, uma vasta rede de túneis com mais de 3 quilômetros de extensão, serviu inicialmente como refúgio para as populações locais durante conflitos e ataques.

Na Segunda Guerra Mundial, o local foi usado como abrigo e ponto estratégico. Túneis como esses e os bunkers evidenciam a capacidade da França de aproveitar o subsolo para fins logísticos e de preservação cultural.

Simone Cordeiro
Colaboração para o Olhar Digital

Simone Cordeiro é jornalista formada pela Universidade Nove de Julho. Em 8 anos de experiência, passou por agências de marketing, empresas de tecnologia e indústria. Hoje, é redatora no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.