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Sonhar acordado é comum, mas em alguns casos pode ultrapassar limites e prejudicar a vida diária. O chamado transtorno do devaneio excessivo (Maladaptive Daydreaming) se caracteriza por fantasias intensas e prolongadas que substituem a interação com a realidade, interferindo nos estudos, trabalho e relações pessoais.
Em contato com a reportagem do Olhar Digital, o Dr. Saulo Ciasca, médico psiquiatra, ressalta que “não existe um reconhecimento oficial do transtorno do devaneio excessivo nos manuais diagnósticos como o DSM-5 ou a CID-11.” Contudo, o impacto na vida das pessoas pode ser grande.
Pessoas afetadas passam horas imersas em enredos internos elaborados, mesmo sabendo que não são reais. Apesar disso, a preferência pela fantasia pode se intensificar diante do estresse.
“O problema começa quando o devaneio traz prejuízos, como deixar de estudar, trabalhar ou se relacionar. A pessoa vive mais nas histórias imaginárias do que a realidade”, explica o Dr. Saulo.
“Os devaneios podem ser acionados por gatilhos como músicas, memórias ou cheiros. Eles podem ser sintomas de transtornos mentais, embora o devaneio em si não seja um transtorno”, acrescenta.
O transtorno ainda é pouco compreendido, mas pode estar associado a:
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O diagnóstico ainda é clínico, baseado em entrevistas e escalas específicas, como a Escala de Devaneio Excessivo de Somer. Não há um protocolo oficial de tratamento, mas as abordagens eficazes incluem:
O Dr. Saulo orienta: “Quando o devaneio traz sofrimento e prejuízo, é fundamental buscar ajuda de um psiquiatra para iniciar psicoterapia e, se necessário, tratamento para condições associadas.”
O devaneio, em si, não é um problema — pode ser uma ferramenta criativa de enfrentamento emocional.
Entretanto, quando foge do controle e compromete a vida prática, precisa ser encarado com atenção e cuidado profissional.
Esta post foi modificado pela última vez em 28 de abril de 2025 19:38