Amazon entra na corrida espacial com lançamento dos primeiros satélites Kuiper

Lançamento marcou início de nova fase na competição pelo domínio da conectividade global
Por Rodrigo Mozelli, editado por Bruno Capozzi 28/04/2025 23h00, atualizada em 29/04/2025 07h38
Logo da Amazon
Empresa de Jeff Bezos entra na disputa pela internet via satélite (Imagem: El editorial/Shutterstock)
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A Amazon deu importante passo em sua estratégia de expansão para o mercado de internet via satélite ao lançar, nesta segunda-feira (28), os primeiros 27 satélites de seu ambicioso Projeto Kuiper, previsto para ser lançado no início do mês, mas o tempo ruim impediu.

O lançamento ocorreu por volta das 20h (horário de Brasília) na estação espacial de Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), marcando o início de nova fase na competição pelo domínio da conectividade global.

“Tivemos uma contagem regressiva tranquila, clima perfeito, decolagem impecável, e o Atlas V está a caminho da órbita para levar esses 27 satélites Kuiper, colocá-los em seu trajeto e realmente iniciar esta nova era em conectividade de internet”, declarou Caleb Weiss, engenheiro de sistemas da United Launch Alliance (ULA), durante a transmissão ao vivo após o lançamento.

Foguete prestes a decolar
Lançamento tinha sido adiado no início do mês por tempo ruim (Imagem: Divulgação/United Launch Alliance)

A missão, batizada de Kuiper Atlas 1, utilizou um foguete Atlas V da ULA, joint venture formada pelas empresas aeroespaciais estadunidenses Boeing e Lockheed Martin.

Os satélites foram projetados para se separar do foguete a aproximadamente 450 quilômetros acima da superfície terrestre, momento em que a Amazon buscará confirmar se os dispositivos conseguem manobrar independentemente e se comunicar com a equipe em terra.

Corrida espacial bilionária entre Amazon e SpaceX

  • O Projeto Kuiper chega ao Espaço com anos de atraso em relação ao seu principal concorrente, a Starlink, rede de internet via satélite da SpaceX, de Elon Musk, que, desde 2019, expandiu significativamente sua presença global;
  • Atualmente, a Starlink domina o mercado com mais de 6,75 mil satélites ativos e atende mais de cinco milhões de clientes em diversas partes do mundo, incluindo zonas de guerra e regiões afetadas por desastres naturais, como Ucrânia e Marrocos;
  • Para alcançar seu rival, Jeff Bezos já investiu aproximadamente US$ 10 bilhões (cerca de R$ 56,7 bilhões) no projeto;
  • A meta da Amazon é posicionar 3,2 mil satélites em órbita terrestre baixa — até 1,9 mil km de altitude — e iniciar operações comerciais até o final de 2025.

Andy Jassy, CEO da Amazon, destacou, em sua recente carta aos acionistas, que o Kuiper exigirá investimentos substanciais inicialmente, mas, eventualmente, a empresa espera que se torne “um negócio significativo em termos de receita operacional e retorno sobre o capital investido“.

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Cronograma apertado e parcerias estratégicas

A Amazon enfrenta prazo rigoroso estabelecido pela Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC, na sigla em inglês), que exige que a empresa tenha metade de sua constelação total, ou seja, 1.618 satélites, em órbita até julho de 2026.

Para cumprir este objetivo, a empresa reservou mais de 80 lançamentos para implantar dezenas de satélites por vez. Além da ULA, seus parceiros de lançamento incluem a própria SpaceX (empresa-mãe da Starlink), a europeia Arianespace e a Blue Origin, startup de exploração espacial também fundada por Jeff Bezos.

Em movimentação que demonstra a complexidade das relações corporativas no setor espacial, a Amazon recorreu aos serviços de lançamento da SpaceX, mesmo sendo esta a proprietária de seu principal concorrente.

Foguete da Amazon decolando
Missão Kuiper Atlas 1, utilizou um foguete Atlas V da ULA (Imagem: Divulgação/United Launch Alliance)

Preocupações orbitais

Com o aumento do número de satélites em órbita terrestre baixa, incluindo os da Starlink, OneWeb (europeia) e Guowang (chinesa), cresce a preocupação da comunidade científica sobre a possível congestão espacial, riscos de colisões e interferências nas observações astronômicas.

Embora a Amazon ainda não tenha divulgado o preço de seu serviço, a empresa promete oferecer opção de baixo custo para conectividade global, potencialmente expandindo o acesso à internet para regiões remotas e mal atendidas do planeta.

Os investidores da Amazon estarão atentos a qualquer comentário sobre gastos adicionais relacionados ao Projeto Kuiper quando a empresa divulgar seus resultados financeiros do primeiro trimestre nesta quinta-feira (1).


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Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.