China usa ‘estilingue gravitacional’ para resgatar satélites presos na órbita errada

Usando a gravidade da Terra, da Lua e do Sol, dois satélites da China foram redirecionados para a rota planejada
Flavia Correia29/04/2025 17h30
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Representação artística de um satélite na órbita da Terra. Crédito: aapsky - Shutterstock
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Na noite de 15 de março, a China lançou dois satélites usando um foguete Long March-2C. No entanto, uma falha técnica impediu que eles chegassem à órbita correta. Sem energia suficiente, os equipamentos ficaram girando fora de controle e corriam risco de serem destruídos ao reentrar na atmosfera.

Durante quatro meses, engenheiros chineses tentaram resgatá-los. A solução veio com uma manobra conhecida como “estilingue gravitacional”. Usando a gravidade da Terra, da Lua e do Sol, os satélites foram redirecionados para a rota planejada.

De acordo com uma reportagem da CGTN, a técnica funciona como um empurrão cósmico: ao passar perto de corpos celestes, a gravidade deles altera o caminho dos objetos no espaço. Esse método, geralmente usado em missões distantes, foi aplicado pela primeira vez em uma situação de resgate em órbita próxima da Terra.

Renderização dos satélites resgatados. Crédito: CSU

A operação foi liderada pelo Centro de Tecnologia e Engenharia para Utilização Espacial (CSU), que desenvolveu a missão. A equipe foi dividida em dois grupos: um desacelerou a rotação dos satélites; o outro calculou a melhor rota para reverter o erro.

Zhang Hao, um dos líderes do projeto, contou que foi sua primeira missão de lançamento. Ele temia que o fracasso significasse a perda de anos de trabalho e milhões de dólares investidos – mas a equipe encontrou uma saída e evitou o desastre.

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Satélites da China resgatados vão atuar como sistema de navegação espacial

Os satélites, chamados DRO-A e DRO-B, agora operam ao lado do DRO-L, lançado anteriormente. Juntos, formam uma constelação que servirá como sistema de navegação espacial, ajudando a localizar espaçonaves de forma rápida e precisa.

Segundo o pesquisador Mao Xinyuan, esse sistema pode reduzir de dias para apenas três horas o tempo necessário para localizar uma nave. Isso também permitirá, no futuro, que espaçonaves sejam controladas automaticamente, sem depender tanto da Terra.

Esse avanço faz parte do plano chinês de ampliar sua atuação no espaço. A previsão é que, até 2030, o país envie missões tripuladas à Lua e construa uma estação de pesquisa lunar internacional. A nova tecnologia será essencial para esses objetivos ambiciosos.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.