Pesquisa revela mistério sobre navios naufragados na Costa Rica

Peças coletadas em 2023 passaram por análise científica que comprovaram a origem dinamarquesa do que se pensava ser um navio pirata
Por Bruna Barone, editado por Rodrigo Mozelli 07/05/2025 00h26, atualizada em 02/06/2025 20h24
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Navios naufragaram na costa da América Central em 1710 (Imagem: Museu Nacional da Dinamarca/Divulgação)
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Pela primeira vez, análises científicas comprovaram a presença de navios negreiros dinamarqueses do século XVIII naufragados na Costa Rica. A pesquisa foi feita com base em achados de uma escavação subaquática realizada em 2023.

A missão foi liderada por arqueólogos marinhos do Museu Nacional da Dinamarca e do Museu do Navio Viking, que coletaram amostras de madeira de um dos naufrágios e dos tijolos que faziam parte da carga há mais de 300 anos, além de cachimbos de barro.

“Os tijolos são dinamarqueses, assim como as madeiras, que também estão carbonizadas e fuliginosas devido ao incêndio. Isso se encaixa perfeitamente com os relatos históricos que afirmam que um dos navios queimou”, explica David Gregory, arqueólogo marinho que liderou as escavações ao lado do especialista Andreas Kallmeyer Bloch.

Pesquisadores analisaram madeira, tijolos e cachimbos (Imagem: Divulgação/Museu Nacional da Dinamarca)

Novas peças dos navios para a história

  • As amostras da madeira de carvalho passaram por análise dendrocronológica, que determinam datas de acordo com anéis de árvores;
  • O resultado apontou que a peça é originária da parte ocidental do Mar Báltico — uma área que abrange a província de Mecklemburgo, no nordeste da Alemanha, bem como Schleswig-Holstein, Dinamarca e Escânia.

Os pesquisadores acreditam que a árvore foi cortada em algum momento entre os anos de 1690 e 1695. Além disso, a madeira está carbonizada e cheia de fuligem, o que confirma o que fontes históricas dizem sobre um dos navios ter sido visto em chamas.

Já os tijolos apresentam características dos chamados tijolos de Flensburg, usados ​​na Dinamarca e nas colônias dinamarquesas. A argila encontrada nas peças teria saído de Iller Strand ou Egernsund, um polo de produção de tijolos no século XVIII.

A análise dos cachimbos de barro apontou que se trata de cachimbos comuns produzidos na Holanda, que também eram usados ​​a bordo de navios dinamarqueses.

Arqueólogos marinhos do Museu Nacional da Dinamarca e do Museu do Navio Viking coletam amostras de naufrágios (Imagem: Divulgação/Museu Nacional da Dinamarca)

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O que se sabe sobre os navios?

Segundo o Museu Nacional da Dinamarca, os dois navios negreiros dinamarqueses Fridericus Quartus (visto em chamas) e Christianus Quintus (que teve a corda da âncora cortada) naufragaram na costa da América Central em 1710

Na Costa Rica, sabe-se há muito tempo que dois naufrágios foram localizados em águas rasas no Parque Nacional de Cahuita. Até agora, no entanto, não ficou claro exatamente onde os navios foram perdidos.

Por muitos anos, eles foram considerados navios piratas, mas essa hipótese mudou após uma escavação de 2015 encontrar tijolos amarelos de um dos naufrágios. Isso porque a peça foi produzida especialmente para uso na Dinamarca e nas colônias dinamarquesas nos séculos XVIII e XIX. 

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.