Pressão de Musk? Trump vai interromper pesquisa sobre lixo espacial

Casa Branca analisa encerrar apoio ao escritório de pesquisa atmosférica da NOAA, que estuda os impactos da poluição espacial
Alessandro Di Lorenzo13/05/2025 14h32, atualizada em 14/05/2025 21h11
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Nos últimos 15 anos, o número de foguetes lançados por ano quase triplicou, enquanto o número de satélites orbitando o planeta duplicou. Um cenário que resulta no aumento preocupante na quantidade de lixo espacial.

Diversas pesquisas estão sendo realizadas para quantificar os efeitos disso para o meio ambiente. No entanto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, analisa acabar com a pesquisa federal sobre a poluição espacial. Uma decisão que pode beneficiar o aliado Elon Musk.

Possíveis efeitos do acúmulo do lixo espacial

A previsão é que cerca 100 mil espaçonaves possam circundar a Terra até o final desta década. A maioria desses satélites pertencerá a um dos projetos de megaconstelação, como o Starlink, da SpaceX, que estão atualmente planejados ou sendo implantados. Já a quantidade de lixo espacial queimando na atmosfera anualmente deve atingir mais de 3.300 toneladas.

A maioria dos foguetes em uso hoje funciona com combustíveis fósseis e libera fuligem, que absorve calor e pode aumentar as temperaturas nos níveis superiores da atmosfera da Terra. A incineração atmosférica de satélites produz óxidos de alumínio, que também podem alterar o equilíbrio térmico do planeta.

Logo da SpaceX na fachada de um prédio
SpaceX poderia ampliar número de satélites sem preocupações ambientais (Imagem: Sven Piper/iStock)

Ambos os tipos de emissões também têm o potencial de destruir o ozônio, o gás protetor que impede que a perigosa radiação ultravioleta (UV) atinja a superfície da Terra. E também podem produzir anomalias significativas de temperatura na estratosfera. Outro efeito deste manto de cinzas metálicas que está se formando na estratosfera como resultado das reentradas dos satélites pode ser a interferência no campo magnético da Terra.

Estas poeiras podem enfraquecer o campo magnético, possivelmente permitindo que uma radiação cósmica mais prejudicial atinja a superfície do planeta. Quanto maior a altitude das partículas de poluição do ar, mais tempo elas permanecerão na atmosfera e mais tempo terão para causar estragos. E o tamanho destas consequências ainda é algo desconhecido.

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Ao fundo, fotos de ELon Musk (direita) e Donald Trump (esquerda); à frente, parte da bandeira dos EUA tremulando na tela de um smartphone
Musk é um dos principais aliados do presidente Trump (Imagem: bella1105/Shutterstock)

Medida de Trump beneficiaria Musk

  • Um dos principais desafios para solucionar este problema espacial é a falta de uma regulamentação clara sobre o tema.
  • Mesmo assim, entidades como o escritório de pesquisa atmosférica da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) têm se debruçado sobre o assunto, buscando soluções para a questão.
  • O problema é que a Casa Branca estuda eliminar todo o apoio a estes trabalhos.
  • A justificativa seria a mesma utilizada para encerrar o financiamento a diversas pesquisas: corte de gastos e ideologias esquerdistas.
  • Críticos, no entanto, afirmam que esta é mais uma forma de Trump beneficiar o aliado Elon Musk, dono da SpaceX.
  • Lembrando que o empresário é líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) e tem sua atuação envolvida em diversas polêmicas.
  • A NOAA e a Starlink não se pronunciaram oficialmente sobre o assunto.
  • As informações são do The Guardian.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.