Lixo espacial: a solução pode vir da Guerra Fria

Segundo cientistas, este sistema pode identificar sons gerados por detritos espaciais que possam cair na Terra
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 15/05/2025 06h30, atualizada em 16/05/2025 09h57
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Imagem: Dotted Yeti/Shutterstock
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Diversos cientistas apontam que o lixo espacial pode ser o responsável pela próxima emergência ambiental. Atualmente, a órbita da Terra está repleta de 130 milhões de fragmentos de detritos espaciais maiores que um milímetro.

Um dos efeitos deste acúmulo é a maior chance de queda deles no nosso planeta, o que geralmente ocorre em áreas mais remotas e não monitoradas. Mas uma tecnologia criada durante a Guerra Fria pode acabar servindo para combater este problema.

Tecnologia antiga pode identificar queda de detritos

  • De acordo com pesquisadores do Sandia National Laboratories, sensores de infrassom originalmente construídos para detectar explosões nucleares durante o período de grande tensão entre Estados Unidos e a União Soviética podem ser usados para rastrear os ângulos de entrada atmosférica.
  • Atualmente, a Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares gerencia esses detectores.
  • Com sensibilidade incrivelmente alta, esses dispositivos podem captar sons fracos de grandes distâncias.
  • Em outras palavras, eles podem identificar sons gerados por grandes rochas espaciais ou satélites inativos à medida que se separam e atravessam a atmosfera da Terra.
  • A grande vantagem é que esta rede global oferece monitoramento ininterrupto 24 horas por dia, 7 dias por semana, em todo o planeta, sem ser afetado pelas condições climáticas.
  • Os cientistas afirmam que saber a trajetória da queda do lixo espacial é importante para minimizar possíveis impactos.
  • As informações são do portal Interesting Engineering.
Sistema poderia identificar detritos que estão caindo na Terra (Imagem: Frame Stock Footage/Shutterstock)

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Possíveis efeitos do acúmulo do lixo espacial

A previsão é que cerca 100 mil espaçonaves possam circundar a Terra até o final desta década. A maioria desses satélites pertencerá a um dos projetos de megaconstelação, como o Starlink, da SpaceX, que estão atualmente planejados ou sendo implantados. Já a quantidade de lixo espacial queimando na atmosfera anualmente deve atingir mais de 3.300 toneladas.

A maioria dos foguetes em uso hoje funciona com combustíveis fósseis e libera fuligem, que absorve calor e pode aumentar as temperaturas nos níveis superiores da atmosfera da Terra. A incineração atmosférica de satélites produz óxidos de alumínio, que também podem alterar o equilíbrio térmico do planeta.

Lixo espacial pode ser o responsável pela próxima emergência ambiental (Imagem: Dotted Yeti/Shutterstock)

Ambos os tipos de emissões também têm o potencial de destruir o ozônio, o gás protetor que impede que a perigosa radiação ultravioleta (UV) atinja a superfície da Terra. E também podem produzir anomalias significativas de temperatura na estratosfera. Outro efeito deste manto de cinzas metálicas que está se formando na estratosfera como resultado das reentradas dos satélites pode ser a interferência no campo magnético da Terra.

Estas poeiras podem enfraquecer o campo magnético, possivelmente permitindo que uma radiação cósmica mais prejudicial atinja a superfície do planeta. Quanto maior a altitude das partículas de poluição do ar, mais tempo elas permanecerão na atmosfera e mais tempo terão para causar estragos. E o tamanho destas consequências ainda é algo desconhecido.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.