Pesquisadores da Universidade de Osaka criaram um novo tipo de inseto ciborgue que pode navegar de forma autônoma — sem fios, cirurgia ou choques elétricos que causam estresse, um avanço que combina biologia e robótica.
Segundo os cientistas, o método abre caminho para sistemas de navegação bio-híbridos de baixa carga para uso em áreas como busca e salvamento em desastres, monitoramento ambiental e vigilância — especialmente em locais muito pequenos ou perigosos para robôs convencionais.
“Em vez de anular o cérebro do inseto, estamos guiando-o por meio de seus próprios sentidos. Isso torna o sistema mais seguro, mais estável e mais sustentável”, disse Keisuke Morishima, que liderou o estudo publicado na Advanced Intelligent Systems.

Uma nova abordagem
O sistema usa um pequeno capacete de luz ultravioleta (UV) para guiar as baratas, aproveitando sua tendência natural de evitar luz forte, especialmente na faixa UV. Esse método não apenas preserva os órgãos sensoriais do inseto, mas também mantém o controle consistente ao longo do tempo.
A técnica se diferencia dos insetos ciborgues tradicionais, que dependem de estimulação elétrica e frequentemente envolve cirurgia invasiva, levando a danos em órgãos sensoriais críticos.
Além disso, de acordo com os autores, esses sinais elétricos também se tornam menos eficazes ao longo do tempo à medida que o corpo do inseto se adapta — um fenômeno conhecido como habituação.
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Teste bem-sucedido
O novo modelo de Inseto Ciborgue Biointeligente (ICB) usa fototaxia negativa, um comportamento no qual os insetos se afastam instintivamente da luz UV. Ao direcionar a luz para qualquer um dos olhos, os pesquisadores conseguiram guiar a barata para a esquerda ou para a direita, sem a necessidade de contato direto com nervos ou músculos.
A equipe equipou baratas com um capacete de luz UV e uma mochila com sensor sem fio que detecta quando elas param de se mover. Se o movimento cessar, a luz UV é ativada para induzir o movimento. Esse controle inteligente reduziu a estimulação desnecessária e economizou energia.
Em testes, insetos ciborgues mostraram respostas consistentes ao longo de 150 tentativas sem habituação. Em um ambiente semelhante a um labirinto, 94% escaparam com sucesso — em comparação com apenas 24% das baratas normais.
De acordo com a equipe de pesquisa, este estudo é o primeiro a demonstrar o controle comportamental bem-sucedido de insetos ciborgues usando apenas seu sistema sensorial natural, sem qualquer estimulação elétrica.