Ansiedade e depressão podem ser transmitidas pelo beijo, diz estudo

Pesquisa revela que microbioma oral, formado por bactérias, fungos e vírus que vivem na boca, pode ser transferido entre pessoas pelo beijo
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 26/05/2025 11h41
Um homem e uma mulher se beijando
Ato existe há, pelo menos, 4,5 mil anos (Imagem: PeopleImages.com - Yuri A/Shutterstock)
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Recentes estudos têm aumentado a nossa compreensão sobre o microbioma oral. Formado pelo conjunto de microrganismos, como bactérias, fungos e vírus, que vivem na nossa boca, ele pode afetar a nossa saúde física e mental.

Estes trabalhos associaram problemas nesta região com o transtorno do espectro do autismo, demência, doença de Parkinson e esquizofrenia, por exemplo. Agora, um novo trabalho aponta que a ansiedade e a depressão podem ser transmitidas de uma pessoa para outra pelo beijo.

Casais foram avaliados em experimento

  • Na pesquisa, a equipe investigou se o microbioma oral poderia ser transferido entre pessoas por meio do beijo e o que isso implicaria para a nossa saúde.
  • No total, 268 casais foram analisados.
  • Todos eles haviam se casado nos últimos seis meses.
  • Um dos cônjuges era saudável, enquanto o outro tinha sintomas de ansiedade e depressão.
  • Os participantes tiveram sua composição do microbioma oral e níveis de cortisol salivar (hormônio do estresse) medidos durante o estudo.
  • A conclusão foi que, após seis meses de casamento, os cônjuges saudáveis apresentaram aumento dos níveis de depressão e ansiedade, além de pior qualidade do sono.
  • Os resultados foram descritos em estudo publicado na revista Exploratory Research and Hypothesis in Medicine.

A conclusão resumida do artigo é a seguinte: “a transmissão da microbiota oral entre indivíduos em contato próximo media parcialmente os sintomas de depressão e ansiedade”.

Sinais de depressão foram identificados em cônjuges saudáveis (Imagem: Aonprom Photo/Shutterstock)

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Beijo teria sido o responsável pela “transferência”

Ao mesmo tempo, os pesquisadores observaram que a composição das bactérias encontradas na boca de cônjuges saudáveis mudou consideravelmente, tornando-se cada vez mais semelhante aos seus parceiros. Eles concluíram que a transferência da microbiota oral entre indivíduos em contato próximo, como casais, pode causar depressão e ansiedade.

Ainda de acordo com o estudo, “as mudanças na composição da microbiota oral estão associadas a mudanças na gravidade da insônia, nos níveis de cortisol salivar e nos escores de depressão e ansiedade”. As descobertas podem ajudar na criação de novos tratamentos contra estas doenças.

imagem mostra um homem sentado no sofá com as mãos apoiadas no rosto, triste
Descoberta pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos contra a depressão e a ansiedade (Imagem: Motortion Films/Shutterstock)

Há oposição!

Cientistas que não participaram do trabalho, no entanto, contestam os resultados. Segundo eles, existem algumas limitações na pesquisa, como o uso de relatos próprios para medir insônia, depressão e ansiedade. Além disso, devido a restrições financeiras, as amostras bacterianas foram coletadas apenas das amígdalas e da faringe, em vez de todo o microbioma oral.

Por conta disso, eles afirmam que seriam necessários novos estudos para efetivamente confirmar as hipóteses levantadas neste trabalho. De qualquer forma, a pesquisa levanta uma importante discussão de saúde.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.