Pesquisa coleta bilhões de mensagens no Discord e plataforma alega violação

Usuários da rede relataram que foram pegos de surpresa sobre a possibilidade de baixar as conversas e questionaram o estudo
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 26/05/2025 05h59
discord
Imagem: Postmodern Studio/Shutterstock
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Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) teria analisado mais de dois bilhões de mensagens públicas do Discord usando um recurso disponibilizado pela própria plataforma. 

Nas redes sociais, usuários da rede relataram que foram pegos de surpresa sobre a possibilidade de baixar as conversas e questionaram o estudo alegando invasão de privacidade, de acordo com reportagem do G1.

Publicada em fevereiro, a pesquisa “Discord revelado: um conjunto abrangente de dados de comunicação pública” pretende criar um banco de dados para uso em estudos na área de ciências sociais, segundo o site.

Atualmente, o Discord tem cerca de 200 milhões de usuários que se conectam por texto, voz e vídeo. A plataforma é geralmente usada por crianças e adolescentes que compartilham jogos e conversam ao mesmo tempo.

Discord aberto em notebook
Discord tem cerca de 200 milhões de usuários, a maioria adolescentes (Imagem: DIA TV/Shutterstock)

O que dizem os autores

O levantamento reuniu mensagens postadas entre 2015 e 2024 por usuários que assinaram o termo de uso do Discord, tornando o conteúdo público. Os nomes foram substituídos por pseudônimos, eliminando a identificação dos autores dos conteúdos coletados.

Segundo o estudo ao qual o G1 teve acesso, os pesquisadores utilizaram o recurso “Discovery”, que permite aos usuários navegar pelos servidores públicos sem precisar participar dos grupos — garantindo acesso a mensagens públicas.

Eles também usaram a API — uma interface que permite o compartilhamento de dados em massa — do próprio Discord.

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Empresa diz que extração de dados sem consentimento por escrito viola os termos de uso da rede (Imagem: Diego Thomazini/Shutterstock)

Plataforma questiona o estudo

Em nota enviada à reportagem, o Discord questiona a maneira como os dados foram baixados, ainda que tenha sido feito usando recursos da própria plataforma.

“O Discord está investigando essa atividade com diligência e tomará as medidas cabíveis. Esse é um assunto sério e estamos comprometidos com a proteção da privacidade e dos dados dos nossos usuários”, diz trecho do comunicado.

Segundo a rede, a extração de dados dos serviços sem o consentimento por escrito da plataforma constitui uma violação dos Termos de Serviço e Diretrizes da Comunidade. “Parece que os pesquisadores tomaram medidas para proteger as identidades das pessoas, mas isso ainda viola nossas políticas e estamos investigando completamente.”

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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