Presa extra faz cobra da morte rara produzir mais veneno

Programa de fabricação de antiveneno da Austrália descobriu um exemplar de cobra da morte com uma terceira presa funcional
Flavia Correia27/05/2025 14h36, atualizada em 27/05/2025 14h42
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Cobra da morte encontrada na Austrália com três presas em vez de duas. Crédito: Australian Reptile Park
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Uma das serpentes terrestres mais venenosas do mundo, a cobra da morte (Acanthophis antarcticus), surpreendeu uma equipe de cientistas na Austrália com um detalhe raro: uma terceira presa funcional. Sim, um exemplar da espécie apareceu com uma “arma extra” na boca – e ninguém sabe explicar exatamente o porquê.

O caso foi descoberto no Australian Reptile Park, localizado em Somersby, na costa central de Nova Gales do Sul, onde a cobra já vive há cerca de sete anos. Ela participa do programa de coleta de veneno, usado na produção de antídotos. No entanto, somente há quase um ano é que os tratadores notaram que além das duas presas normais havia uma terceira, do lado esquerdo da boca (e funcionando perfeitamente).

“Cobras perdem e trocam presas com certa frequência, isso é natural. Mas ter uma terceira, ativa e produzindo veneno, é algo que nunca vimos antes”, explicou Billy Collett, gerente do parque, ao site IFLScience. Segundo ele, a causa mais provável é uma mutação genética rara. Não se trata de algo comum nem esperado em outros indivíduos da espécie.

Cobra da morte com três presas produz mais veneno para o programa de fabricação de antídoto do Australian Reptile Park. Crédito: Reprodução/Australian Reptile Park

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Picada de cobra da morte pode ser fatal

A cobra da morte comum já é assustadora por natureza. Seu bote é um dos mais rápidos do mundo, levando apenas 0,15 segundo para atacar. Ela se alimenta de sapos, lagartos e pássaros, mas uma mordida acidental em humanos pode causar paralisia, dificuldades respiratórias e até morte, sem tratamento imediato. Agora, imagine então o estrago que uma terceira presa funcional seria capaz de fazer.

Embora assustadora, a descoberta está sendo útil. Como a cobra continua saudável e produz muito veneno, ela contribui muito para a fabricação de antídoto, que salva dezenas de vidas todos os anos.

O parque coleta veneno de outras quatro espécies altamente perigosas: taipans, cobras marrons, cobras tigre e cobras pretas. E, agora, conta com esse exemplar especial, que mostra como a natureza pode ser surpreendente – e até um pouco exagerada, quando resolve inovar.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.