Segredo para manter tudo limpinho pode ser um ‘pula-pula’ de bactérias

Pesquisadores criaram revestimento antibacteriano feito de proteínas miméticas de resilina para bloquear completamente a fixação de pulgas
Bruna Barone03/06/2025 21h09
Mão de uma pessoa, com uma luva azul, passando um lenço em uma maçaneta
Cientistas criaram fórmula que usa proteína encontrada em insetos para tornar superfíceis livres de infecções bacterianas (Imagem: Irina Shatilova/iStock)
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Cientistas da Austrália descobriram uma maneira de evitar a fixação de bactérias em superfícies — em especial nos centros cirúrgicos — utilizando uma proteína que dá às pulgas o impulso de saltar. 

No estudo, os pesquisadores testaram um revestimento antibacteriano feito de proteínas miméticas de resilina para bloquear completamente a fixação das bactérias, incluindo aquelas resistentes a antibióticos.

“Este trabalho mostra como esses revestimentos podem ser ajustados para combater bactérias de forma eficaz — não apenas no curto prazo, mas possivelmente por um longo período”, disse a principal autora do estudo, professora Namita Roy Choudhury.

As aplicações potenciais podem incluir revestimentos em spray para instrumentos cirúrgicos, implantes médicos, cateteres e curativos.

Novo revestimento pode ser usado para melhorar a limpeza de instrumentos cirúrgicos (Imagem: stefanamer/iStock)

O que é a tal resilina?

A resilina é uma proteína encontrada em insetos, conhecida por sua elasticidade notável e natureza não tóxica. Ela permite que as pulgas saltem mais de cem vezes sua própria altura em microssegundos, segundo a pesquisa.

Essas propriedades já são de conhecimento da engenharia de tecidos, indústria de medicamentos, eletrônicos e equipamentos esportivos, mas essa é a primeira vez que cientistas avaliam seu desempenho como revestimento antibacteriano.

Os cientistas criaram um revestimento a partir de formas alteradas de resilina e, em seguida, testaram suas interações com bactérias E. coli e células da pele humana em condições de laboratório.

Superfície antibacteriana foi ampliada 4.000 vezes sob microscópio eletrônico de varredura (Imagem: RMTI/Divulgação)

As proteínas alteradas na forma de nano gotículas, conhecidas como coacervados, foram 100% eficazes em repelir as bactérias, ao mesmo tempo em que se integraram bem às células humanas saudáveis.

“Ao entrarem em contato, o revestimento interage com as membranas celulares bacterianas carregadas negativamente por meio de forças eletrostáticas, rompendo sua integridade, levando ao vazamento do conteúdo celular e eventual morte celular”, disse o principal autor do estudo, Dr. Nisal Wanasingha.

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Grupo de pesquisa fará novos testes para avaliar desempenho do revestimento em uma gama ampla de bactérias nocivas (Imagem: RMTI/Divulgação)

Próximos passos

A transição da pesquisa de laboratório para o uso clínico exigirá garantir a estabilidade e a escalabilidade da fórmula, conduzir testes extensivos de segurança e eficácia e, ao mesmo tempo, desenvolver métodos de produção acessíveis para ampla distribuição.

“Esses primeiros resultados são muito promissores como uma nova maneira de ajudar a melhorar o controle de infecções em hospitais e outros ambientes médicos, mas agora mais testes são necessários para ver como esses revestimentos funcionam contra uma gama mais ampla de bactérias nocivas”, disse o coautor do estudo, Professor Naba Dutta.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.