Neste 5 de junho é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, uma data cujo objetivo é alertar para o futuro do nosso planeta. Apesar do agravamento de desastres naturais como enchentes e incêndios florestais nos últimos anos, muita gente ainda pensa que a preservação do meio ambiente é um custo desnecessário, mas além da importância vital para o mundo, essas ações ainda podem ser lucrativas.
Um novo estudo do World Resources Institute (WRI) revela que o financiamento para adaptação climática não é apenas urgente, mas também altamente vantajoso.
Segundo o levantamento, projetos de adaptação oferecem retornos em três frentes: evitam perdas causadas por desastres, geram ganhos econômicos – como criação de empregos e aumento da produtividade – e promovem benefícios sociais e ambientais, como melhoria da saúde pública e da biodiversidade.

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Pontos principais do estudo
- O estudo destaca que mais da metade dos benefícios ocorrem mesmo sem eventos climáticos extremos, reforçando que a resiliência gera valor contínuo.
- Infraestruturas adaptadas e soluções baseadas na natureza, como proteção de zonas úmidas, trazem retornos diversos ao longo do tempo.
- Além disso, quase metade dos investimentos analisados também contribuem para a redução de emissões de carbono, unindo adaptação e mitigação climática.
- O WRI recomenda que governos integrem a adaptação às estratégias de desenvolvimento e adotem métodos padronizados para mensurar seus impactos.

Os impactos do clima extremo
Um levantamento realizado pela ONG Germanwatch, focada na proteção do meio ambiente, traz dados assustadores sobre os impactos dos eventos climáticos extremos nas últimas décadas. O trabalho, intitulado Índice de Risco Climático, compilou dados de 1993 a 2022.
Neste período, quase 800 mil pessoas morreram em função de tempestades, inundações, secas, ondas de calor e incêndios florestais. Além da perda de vidas, os prejuízos econômicos foram gigantescos, atingindo a ordem de trilhões de dólares.
O índice classificou os países de acordo com o impacto econômico e humano dos eventos extremos. Para isso, levou em conta dados como número de mortos, feridos, desabrigados e forçados a se deslocar, bem como os danos financeiros provocados.
No total, foram mais de 9.400 eventos climáticos extremos no período analisado. Eles causaram a morte de 765 mil pessoas e perdas econômicas da ordem de US$ 4,2 trilhões, o equivalente a mais de R$ 24 trilhões.
Mas será que ainda dá tempo de mudar?
Para os especialistas, como Carter Brandon, do WRI, a adaptação não deve ser vista apenas como medida emergencial, mas como um caminho consistente para o crescimento sustentável.
Para Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da USP e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em conversa com o Olhar Digital em janeiro, são dois caminhos a serem seguidos. O primeiro é na raiz do problema e envolve a redução das emissões de gases efeitos estufa, acabar com a exploração de petróleo e com o desmatamento de florestas tropicais, como a Amazônia. Segundo Artaxo, “sem isso, mais eventos, mais extremos e mais intensos, vão ocorrer no futuro”.
O segundo caminho é se adaptar ao novo clima. Para ele, é necessário adaptar as cidades e as zonas rurais para a incidência de eventos climáticos extremos, algo que tem relação direta com a emissão dos gases.
A pesquisa do WRI eforça o apelo por ações concretas e estruturadas rumo à COP30, marcada para 2025 em Belém, que poderá se tornar um marco global na integração da resiliência às políticas públicas. Mas para isso, os planos precisam sair do papel.
