Crânio cônico de 6 mil anos é achado com ferimento misterioso

Pesquisadores do Irã descobriram um crânio alongado ferido pertencente a uma mulher pré-histórica, mas ainda não sabem a causa de sua morte
Samuel Amaral08/06/2025 06h42
Mulher pré-histórica com cabeça cônica ferida
(Imagem: Mahdi Alirezazadeh)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Pesquisadores encontraram um crânio ferido em formato de cone de 6 mil anos atrás. O estudo revela que ele seria de uma mulher pré-histórica que teria sido morta rapidamente por um objeto de bordas largas. Porém, a equipe não sabe se o trauma foi intencional ou um acidente.

O grupo de cientistas encontrou o osso em Chega Sofla, um sítio arqueológico de 5 mil a.C. no oeste do Irã. O local é um cemitério pré-histórico com covas particulares e comunitárias, que grupos humanos teriam ocupado entre 4700 e 3700 a.C.

A equipe considera esse intervalo um “milênio agitado”. “As pessoas tinham templos, sistemas de crenças e grandes edifícios e estruturas. No fim do período, vemos o surgimento da escrita e o início da urbanização”, disse Mahdi Alirezazadeh, arqueólogo participante da pesquisa, em entrevista ao site Live Science.

Esse estudo, publicado no International Journal of Osteoarchaeology, faz parte de um projeto maior: o Zohreh Preehistoric Project. Por cerca de uma década, arqueólogos tem escavado Chega Sofla e encontraram artefatos como uma tumba de tijolos com dezenas de crânios alongados, sendo um deles com uma fratura ao lado esquerdo da cabeça.

Exemplar de crânio alongado descoberto pela equipe do Zohreh Preehistoric Project.
Exemplar de crânio alongado descoberto pela equipe do Zohreh Preehistoric Project. (Imagem: Zohreh Prehistoric Project)

Leia mais:

Crânio alongado facilitou trauma

A nova pesquisa revelou os detalhes da vida e do trauma que matou a mulher pré-histórica, nomeada de BG1.12. Ela teria sido submetida a uma bandagem craniana, um processo que envolve enrolar panos ao redor da cabeça de uma criança em desenvolvimento para alongar o formato de seu crânio até que ele se pareça com um cone.

Os cientistas fizeram uma tomografia computadorizada para analisar detalhadamente a fratura de BG1.12.  Ao observar a espessura dos ossos cranianos e da díploe — camada esponjosa que atua como amortecedor — eles descobriram que essas partes eram mais finas que o normal, característica esperada para alguém que teve o crânio modificado.

A equipe concluiu que essa alteração diminuiu a capacidade do crânio da mulher pré-histórica de resistir a forças externas, o que a deixou vulnerável para golpes traumáticos. Porém, o grupo não chegou a uma conclusão acerca da origem do ferimento, podendo ter sido um ataque assassino ou um acidente.

“Uma força intensa aplicada por um objeto com bordas largas impactou o crânio desta moça durante seus momentos finais”, escreveram os pesquisadores.

A jovem BG1.12 está enterrada em uma vala comum junto a diversas outras pessoas. Os arqueólogos ainda não identificaram o resto de seu esqueleto, algo que tem limitado pesquisas futuras sobre o últimos momentos da mulher pré-histórica com cabeça cônica.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.