Espaço pode ser o lugar ideal para estudar o câncer

Uma missão prevista para este ano irá levar tumores cultivados em laboratórios na Terra para serem estudados no espaço
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 17/06/2025 05h59, atualizada em 17/06/2025 21h04
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Diversos estudos já são realizados no espaço. E muitos destes trabalhos não têm nenhuma ligação com a busca pela vida fora na Terra, por exemplo. Na verdade, os cientistas tentam descobrir como resolver problemas bastante comuns no nosso planeta.

Os principais obstáculos são os efeitos causados pela microgravidade nos corpos dos astronautas, que limitam a estadia na Estação Espacial Internacional. No entanto, este cenário desafiador também pode criar as condições perfeitas para estudar o câncer.

imagem mostra células cancerígenas se reproduzindo
Células cancerígenas serão estudadas em ambientes de microgravidade (Imagem: Jezperklauzen/iStock)

Desenvolvimento da doença é mais rápido no espaço

Uma missão prevista para este ano irá levar tumores cultivados em laboratórios na Terra para o espaço. A ideia é aproveitar os efeitos da microgravidade no desenvolvimento da doença para desenvolver testes de rastreamento de câncer que sejam mais rápidos e sensíveis.

Cientistas explicam que, no nosso planeta, a gravidade retarda o desenvolvimento do câncer porque as células normalmente precisam estar presas a uma superfície para funcionar e crescer. Já no espaço, os aglomerados de células cancerígenas podem se expandir em todas as direções.

Imagem de parte da Terra com formação de nuvens
Estudos no espaço garantiriam uma importante economia de tempo (Imagem: KeyFame/Shutterstock)

Por conta disso, em vez de esperar 10 meses, tempo necessário para o desenvolvimento de um tumor na Terra, os pesquisadores podem ver os mesmos efeitos biológicos em apenas 10 dias estando no espaço. Em outras palavras, trata-se de uma economia importante de tempo.

Um cenário que também poderia beneficiar o processo de desenvolvimento de novos medicamentos. O principal obstáculo segue sendo financeiro: ainda é muito caro para a indústria farmacêutica levar os produtos para testes fora da Terra, o que pode mudar no futuro.

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ilustração digital de um câncer de pele se desenvolvendo no corpo
Câncer se desenvolve mais rapidamente na Terra (Imagem: Ebrahim Lotfi/Shutterstock)

Astronautas podem estar mais suscetíveis ao câncer

  • Os cientistas ainda explicam que a microgravidade pode causar alternações genéticas em astronautas, favorecendo o desenvolvimento de tumores.
  • As membranas celulares são sustentadas por pequenas proteínas chamadas microtúbulos e que mantêm a forma da célula rígida.
  • Mas quando a força gravitacional muda, a estrutura da célula muda com ela.
  • Na Terra, os fusos dos microtúbulos garantem que o cromossomo de uma célula replique a estrutura.
  • Já a microgravidade distorce os microtúbulos e pode levar à divisão celular irregular, tornando o câncer mais provável.
  • Uma preocupação que pode se transformar em arma para os pesquisadores.
  • A ideia é tentar identificar quais genes são “desligados” na microgravidade.
  • Dessa forma, poderia ser possível encontrar maneiras de ativá-los artificialmente em pacientes com câncer na Terra.
  • As informações são do Space.com.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.