Naufrágio centenário com 200 cerâmicas é descoberto na França

Drone subaquático patrulhava o mar do sul da França quando encontrou um naufrágio de mais de 400 anos com artefatos muito bem preservados
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 17/06/2025 08h11
Naufrágio no Sul da França
(Imagem: Marine Nationale / AFP / Handout)
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Arqueólogos descobriram a possível história de um navio naufragado a 2,5 quilômetros do sul da França. O grupo acredita se tratar de restos de um barco mercantil do século XVI que estaria vindo do norte da Itália cheio de cerâmicas e barras metálicas quando afundou.

Esses artefatos foram encontrados em março por um drone subaquático que patrulhava a região próxima à cidade de Saint-Tropez, no litoral francês. O equipamento faz parte de um projeto do governo para explorar e monitorar os recursos marinhos da França, como minerais submersos e cabos de internet no fundo do oceano.

A área do naufrágio, que estende-se por 30 metros de comprimento por 7 de largura, recebeu o nome de “Camarat 4”. A Prefeitura Marítima do Mediterrâneo – instituição que representa o Estado francês no mar – revelou que nenhum bem material marítimo foi inventariado nessa profundidade anteriormente.

“É o naufrágio mais profundo já encontrado em águas territoriais francesas”, disse Arnaud Schaumasse, chefe do departamento de arqueologia subaquática do Ministério da Cultura, em um comunicado.

Navio afundado no sul da França
O navio está a cerca de 2.567 metros abaixo da superfície no Mar Mediterrâneo. (Imagem: Marine Nationale / AFP / Handout)

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Artefatos têm traços italianos

A pesquisadora Marine Sadania revelou que o grupo de arqueólogos descobriu 200 jarros de bicos comprimidos entre os destroços no local. Algumas dessas cerâmicas tinham o monograma “IHS” — as três letras iniciais do nome de Jesus em grego. Outras estavam cobertas com desenhos geométricos ou em formatos orgânicos.

Essas características levaram os pesquisadores a propor que os jarros eram originários da região da Ligúria, ao norte da Itália. Cerâmicas como essas estão extensamente documentadas em registros do século XVI, segundo Prefeitura Marítima do Mediterrâneo.

O nível de preservação dos artefatos impressionou a equipe. “O sítio arqueológico – graças à sua profundidade, que impediu qualquer recuperação ou saque – permaneceu intacto, como se o tempo tivesse congelado, o que é excepcional”, disse a arqueóloga.

Dentre os destroços, o grupo também encontrou uma pilha com cerca de 100 pratos, dois caldeirões, uma âncora e seis canhões. Além disso, resíduos como garrafas e latas de refrigerante figuravam no local. 

Agora, os pesquisadores pretendem criar uma versão digital em 3D do navio e extrair amostras do sítio arqueológico. Segundo Sadania, o estudo deverá durar dois anos e, quando estiver concluído, os artefatos serão devolvidos ao domínio público.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.