Crise silenciosa: desaparecimento de alguns animais ameaça saúde humana

Estudo mostra que o declínio de animais que consomem carniça pode aumentar doenças zoonóticas e desequilibrar ecossistemas
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 23/06/2025 16h05
abutres
Imagem: Henk Bogaard/Shutterstock
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Mais de um terço dos grandes necrófagos — animais que se alimentam de carniça — está ameaçado ou em declínio, segundo um novo estudo da Universidade de Stanford.

A queda dessas espécies, como abutres, hienas e até alguns tubarões, pode trazer sérios riscos à saúde humana, ao favorecer a disseminação de doenças zoonóticas, como raiva, brucelose e antraz.

O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Espécies como abutres e hienas atuam como barreiras naturais contra surtos de raiva, antraz e brucelose (Imagem: Marie Lemerle/iStock)

Espécies correndo risco

  • Dos 1.376 vertebrados necrófagos analisados, 36% estão em situação preocupante, especialmente os maiores e mais especializados, conhecidos como necrófagos obrigatórios.
  • A perda desses “faxineiros naturais” abre espaço para necrófagos menores, como ratos e cães selvagens.
  • Porém, são animais menos eficientes e mais propensos a espalhar patógenos.

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Nova pesquisa destaca o papel vital dos grandes necrófagos na prevenção de doenças zoonóticas (Imagem: antoniocm / Shutterstock)

Índia já sofreu impactos

Casos reais já ilustram esse impacto: na Índia, o colapso das populações de abutres nos anos 1990 levou a um surto de cães selvagens e ao aumento de 48 mil mortes humanas por raiva em pouco mais de uma década.

Na Etiópia, hienas-malhadas evitam surtos em gado ao consumirem resíduos animais. E na Austrália, o declínio do diabo-da-tasmânia pode aumentar a circulação de doenças transmitidas por carniça.

Além das ameaças comuns à fauna — como perda de habitat, caça ilegal e urbanização — esses animais sofrem com o estigma social de serem “sujos” ou perigosos.

Os pesquisadores defendem políticas de conservação específicas para esse grupo funcional, que exerce papel vital na regulação ecológica e na proteção da saúde pública.

Animais essenciais para a saúde dos ecossistemas e das pessoas estão desaparecendo sem a atenção devida (Imagem: rkraan/iStock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.