Centenas de espécies de aves podem sumir no próximo século, diz estudo

Pesquisadores alertam que as mudanças climáticas a destruição do habitat dessas aves podem causar uma extinção possivelmente irreversível
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 25/06/2025 11h31
Pássaro cabisbaixo no por do sol
(Imagem: Jirawan Phurahong)
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Um novo estudo revelou que as mudanças climáticas e a perda de habitat podem causar a extinção de mais de 500 espécies de pássaros no próximo século. Os cientistas alertam que, mesmo com a redução dos impactos humanos, essas espécies podem não ser salvas.

O grupo analisou a situação de quase 10 mil espécies usando dados da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Durante o estudo, publicado na revista Nature Ecology & Evolution, eles previram o risco de extinção com base nas ameaças que cada espécie enfrenta.

A pesquisa constata que aves de grande porte são mais vulneráveis à caça e às mudanças climáticas, enquanto pássaros com asas largas sofrem mais com a perda de habitat.

A situação é inédita na história. “Se a atividade humana continuar a afetar a biodiversidade como acontece hoje, projetamos que nos próximos 100 anos, perderemos mais de três vezes o número de espécies de aves perdidas desde 1500. É, portanto, urgente que decidamos quais as dimensões da biodiversidade que desejamos proteger”, escreveram os cientistas.

Extinção de pássaros únicos pode desestabilizar ecossistemas, revela o estudo. (Imagem: BERNAMA / Ariff Sarbri / fotowarung.net)

Ações podem não salvar as aves

A extinção de aves vulneráveis — como o calau-de-capacete e o pássaro-sol-de-barriga-amarela — reduziria significativamente a diversidade de espécies em escala global. Segundo o estudo, essa perda comprometeria o funcionamento de ecossistemas que dependem dessas aves para manter o equilíbrio natural.

Mesmo com proteção total contra a destruição de habitats, a caça e os efeitos das mudanças climáticas, os pesquisadores estimam que cerca de 250 espécies ainda correm risco de desaparecer.

“Muitas aves já estão tão ameaçadas que reduzir os impactos humanos por si só não as salvará. Essas espécies precisam de programas especiais de recuperação, como projetos de reprodução e restauração de habitats, para sobreviver”, disse Kerry Stewart, pesquisadora líder do estudo, em um comunicado.

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O pássaro-sol-de-barriga-amarela é considerado vulnerável pela IUCN. (Dubi Shapiro / Wikimedia Commons)

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É possível atenuar os danos

Mesmo em uma situação crítica, os pesquisadores propuseram medidas que a humanidade pode adotar para proteger melhor as aves e preservar os papéis essenciais que desempenham na natureza.

“Cerca de 250 a 350 espécies precisarão de medidas complementares de conservação, como programas de reprodução e restauração de habitats. Priorizar programas de conservação para apenas 100 das aves ameaçadas mais incomuns poderia salvar 68% da variedade de formas e tamanhos dos pássaros. Essa abordagem poderia ajudar a manter os ecossistemas saudáveis”, explicou a professora Manuela Gonzalez-Suarez, também autora da pesquisa.

Para a equipe de pesquisadores, as atitudes são urgentes. “Enfrentamos uma crise de extinção de aves sem precedentes nos tempos modernos. Por isso, precisamos de ações imediatas para reduzir as ameaças humanas em todos os habitats e de programas de resgate direcionados para as espécies mais singulares e ameaçadas de extinção”, concluiu Stewart.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.