Garrafas de vidro contêm mais microplásticos do que as de plástico, revela estudo

Pesquisadores afirmaram que esperavam o resultado contrário e que a maior parte destas substâncias foi detectada nas tampas das embalagens
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 25/06/2025 09h37, atualizada em 26/06/2025 22h13
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Os microplásticos estão presentes em praticamente todos os lugares, já sendo identificados na água e até no solo. Além disso, estas pequenas substâncias já foram encontradas em diversos órgãos humanos, podendo gerar graves problemas de saúde.

Agora, um novo estudo descobriu que as garrafas de vidro contêm mais microplásticos do que o equivalente em garrafas de plástico. O trabalho foi realizado por pesquisadores da Agência Francesa de Segurança Alimentar ANSES.

Linha de engarrafamento de água em garrafinhas de plástico
Garrafas de plástico também contêm as substâncias (Imagem: yanik88/Shutterstock)

Resultado surpreendeu os cientistas

Durante a pesquisa, os cientistas encontraram, em média, quase cem partículas de microplásticos por litro em garrafas de vidro de refrigerantes, limonada, chá gelado e cerveja. Este resultado representa entre cinco e 50 vezes mais do que a taxa detectada em garrafas de plástico ou latas de metal.

Os pesquisadores afirmaram que esperavam o resultado contrário e que a maior parte destas substâncias foi detectada nas tampas das embalagens. Já no caso da água, tanto natural quanto mineral, a quantidade de microplásticos era mais baixa: entre 4,5 partículas por litro nas garrafas de vidro e 1,6 partícula nas garrafas de plástico.

Garrafas de vidro foram analisadas no trabalho (Imagem: FabrikaSimf/Shutterstock)

As garrafas de vinho também continham uma quantidade menor das substâncias. Por outro lado, os refrigerantes tinham quase 30 microplásticos por litro, a limonada, 40, e a cerveja, cerca de 60. A razão dessa diferença ainda precisa ser estudada.

A equipe responsável pelo trabalho explica que, por não existir um nível de referência para uma quantidade prejudicial de microplásticos, atualmente não é possível afirmar se os resultados do estudo representam um risco para a saúde. De qualquer forma, os pesquisadores testaram um método de limpeza que envolvia soprar as tampas com ar, depois enxaguá-las com água e álcool, e que reduziu a contaminação em 60%.

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Estes pequenos pedaços de plástico podem ser muito perigosos (Imagem: Deemerwha studio/Shutterstock)

Riscos dos microplásticos

  • Os microplásticos são pequenas partículas sólidas de materiais baseados em polímero com menos de cinco milímetros de diâmetro.
  • Além de levar milhares, ou até milhões de anos para se decompor, elas estão espalhadas por todo o planeta, inclusive na própria água potável.
  • Essas substâncias podem ser divididas em duas categorias: primárias e secundárias.
  • Os primários são projetados para uso comercial: são produtos como cosméticos, microfibras de tecidos e redes de pesca.
  • Já os secundários resultam da quebra de itens plásticos maiores, como canudos e garrafas de água.
  • Este tipo de material já foi detectado em diversos órgãos humanos, sendo encontrados no sanguecérebrocoração, pulmões, fezes e até mesmo em placentas.
  • Embora os impactos à saúde humana ainda não sejam totalmente conhecidos, experimentos indicam que as substâncias podem ser consideradas um fator ambiental para a progressão de doenças como o Parkinson.
  • Estudos recentes sugeriram que a exposição aos microplásticos pode, inclusive, afetar a produção de espermatozoides nos testículos, contribuindo para o declínio da fertilidade.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.