A Polícia Civil do Rio de Janeiro, através do Departamento-Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM), deflagrou nesta segunda-feira (30) a Operação Abbraccio, para reprimir uma rede de crimes de violência contra mulheres realizadas no ambiente virtual.
A investigação aponta que os envolvidos se organizavam online, em plataformas como Discord, e cometiam torturas, estupros virtuais, misoginia e racismo contra as vítimas. A operação aconteceu em nove estados do Brasil.

Megaoperação mira rede de violência contra mulheres
A Operação Abbraccio visa reprimir um grupo que praticava crimes de violência contra mulheres. Eles se organizavam online, em plataformas como Discord, e cometiam estupros virtuais, torturas, misoginia e racismo.
A operação foi planejada após a mãe de uma das vítimas procurar a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, em abril deste ano. A mãe relatou a divulgação de imagens íntimas da filha.
A apuração levou à descoberta de uma rede criminosa com dezenas de outras vítimas. O grupo forçava as mulheres a realizarem atos violentos e, em alguns casos, se mutilarem escrevendo o nome dos criminosos na própria pele.
Os crimes aconteciam no âmbito virtual, com transmissão online. Em alguns casos, a gravação era posteriormente publicada.
Um dos envolvidos foi preso no mês passado, o que levou a descoberta de cerca de 80 mil imagens, vídeos e áudios envolvendo os crimes de violência. O material foi apreendido e ajudou a chegar aos demais envolvidos.

Operação aconteceu em nove estados e prendeu quatro envolvidos
- Os agentes da Operação Abbraccio cumpriram mandatos de prisão e busca e apreensão em Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, e em outros oito estados (Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Santa Catarina e São Paulo).
- Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, até o momento, quatro pessoas foram presas;
- Seis mulheres vítimas do grupo já foram identificadas, mas a polícia acredita que podem ser dezenas de outras vítimas;
- Além de encontrar os responsáveis, a operação busca apreender celulares, computadores e mídias digitais que sirvam como prova dos crimes e ajudem a mapear a rede criminosa.

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O que diz o Discord?
O Discord foi citado nominalmente na nota da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O Olhar Digital entrou em contato com a instituição, que afirmou que realiza a moderação de conteúdos e usuários na plataforma, além de denunciar às autoridades grupos e indivíduos que apresentam risco. Confira a nota do Discord na íntegra:
Atividades ilegais e incitação à violência não têm lugar no Discord nem na sociedade. Combater essas redes é um desafio complexo em toda a indústria que exige soluções colaborativas. O Discord conta com equipes dedicadas que trabalham arduamente para identificar e remover quaisquer usuários e espaços onde pessoas mal-intencionadas estejam se organizando em torno de ideologias de ódio e para prevenir o uso indevido da nossa plataforma. Investimos fortemente em ferramentas avançadas de segurança e sistemas de moderação e, quando tomamos conhecimento de tal conteúdo, tomamos as medidas cabíveis, incluindo a derrubada de servidores violadores, o banimento de pessoas mal-intencionadas e a denúncia de violações às autoridades policiais, em conformidade com a lei.
O Discord tem denunciado proativamente às autoridades policiais brasileiras grupos e indivíduos envolvidos nesse tipo de conduta, bem como outros comportamentos que representam risco para terceiros. Nossas divulgações proativas ajudaram a impedir crimes antes que eles ocorressem e levaram a várias prisões em uma série de operações ao longo do último ano. A segurança é uma prioridade para o Discord e estamos comprometidos em proporcionar um ambiente positivo e seguro para nossos usuários no Brasil.
Discord, em nota ao Olhar Digital
A plataforma também escreveu que está implantando equipes especializadas na identificação e remoção de conteúdo danoso, e que trabalha com um agência específica para o mercado brasileiro.