Venda de armas 3D está se tornando um problema global

Estes armamentos são criados a partir de impressoras 3D, não são rastreáveis e estão sendo utilizados por grupos criminosos
Alessandro Di Lorenzo02/07/2025 09h23, atualizada em 02/07/2025 15h25
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Imagem: Yasemin Yurtman Candemir/Shutterstock
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Um dos grandes avanços tecnológicos da atualidade são as impressoras 3D. Estes equipamentos permitem a criação de qualquer tipo de produto, inclusive armas que têm sido utilizadas por grupos criminosos.

Estes armamentos artesanais não são rastreáveis, o que dificulta a ação das autoridades. Além disso, são frequentemente oferecidas e vendidas em redes sociais como Telegram, Facebook e Instagram, além de websites que até oferecem guias para sua produção.

Impressoras 3D podem fabricar qualquer produto, inclusive armas de fogo (Imagem: guteksk7/Shutterstock)

Produção e venda é irregular

  • As armas impressas em 3D são frequentemente descritas como produtos “fantasmas”, já que não podem ser rastreadas.
  • Elas podem ser montadas com uma impressora, usando moldes disponíveis para download e alguns materiais básicos.
  • Projetada para burlar as leis de controle de armas, esta tecnologia avançou rapidamente na última década. 
  • Os modelos mais recentes podem disparar diversas rajadas sem quebrar seus componentes de plástico.
  • Com o aumento da qualidade dos produtos, vários grupos criminosos têm utilizado as armas 3D.
  • Em função deste cenário, diversos países estudam a criação de leis para criminalizar a posse dos moldes para sua construção.
  • Existem também apelos para que os fabricantes de impressoras 3D bloqueiem a impressão de partes de armas, da mesma forma que as impressoras convencionais restringem a impressão de dinheiro.

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Armas de fogo 3D estão sendo utilizadas por criminosos (Imagem: FolkaArt/Freepik)

Armas 3D podem ser entregues em qualquer lugar do mundo

Em outubro de 2024, a organização sem fins lucrativos Tech Transparency Project, que monitora as empresas de tecnologia, encontrou centenas de anúncios de armas nas plataformas da Meta, violando as políticas da empresa. Eles incluem armas 3D e outros tipos de armas fantasmas. Agora, uma reportagem da BBC descobriu que anúncios de armas ainda constam como ativos no banco de dados de anúncios da empresa. Muitos deles levavam os possíveis clientes para canais do Telegram ou do WhatsApp. Uma das contas tem mais de mil assinantes e promete enviar as armas para qualquer lugar do mundo.

A BBC entrou em contato com o responsável, identificado como “Jessy”, para confirmar se ele estaria disposto a enviar armas impressas em 3D para o Reino Unido, o que é proibido por lei. Ele confirmou e ofereceu uma pistola Liberator ou um conversor Glock, peça que transforma uma pistola em uma arma automática. Jessy garantiu que conseguiria liberar a arma na alfândega britânica e pediu cerca de R$ 1,2 mil em bitcoins para fechar negócio. Mesmo após a revelação de que tratava-se de uma investigação da BBC, o homem confirmou que vende armas 3D de forma online.

Pasta com ícones de redes sociais em tela inicial do celular
Produtos são oferecidos nas rede sociais (Imagem: Viktollio/Shutterstock)

A Meta declarou que os anúncios citados haviam sido “desativados automaticamente”. A empresa ainda destacou que sua inclusão na biblioteca de anúncios “não significa, necessariamente, que o anúncio ainda seja válido ou visível”. Já o Telegram disse que a conta de Jessy foi removida por desrespeitar as políticas da plataforma. Um porta-voz da rede sociais ainda observou “a venda de armas é explicitamente proibida pelos termos de serviço e é removida sempre que descoberta”.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.