Um satélite ambiental desapareceu na órbita da Terra, colocando em risco uma missão ambiciosa para combater o aquecimento global. Chamado MethaneSat, o projeto foi financiado em maior parte pelo Fundo de Defesa Ambiental (EDF), com apoio do empresário bilionário Jeff Bezos, além do Google e do governo da Nova Zelândia.
Lançado em março de 2024, o MethaneSat foi desenvolvido para identificar vazamentos de metano, um gás que aquece o planeta até 80 vezes mais que o dióxido de carbono e que escapa sem ser percebido de poços, oleodutos e outras instalações de combustíveis fósseis.

Satélite não será recuperado
A iniciativa recebeu um aporte de US$100 milhões de Bezos, por meio da organização Bezos Earth Fund, e custou US$ 88 milhões para ser construída e lançada. O satélite foi enviado ao espaço a bordo de um foguete Falcon 9, da SpaceX, e marcou a primeira missão espacial com apoio do governo da Nova Zelândia, responsável também pelo controle das operações.

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Conforme publicado no perfil oficial do MethaneSat no X, desde 20 de junho, o satélite não responde mais aos comandos da equipe. O comunicado diz ainda que o satélite perdeu energia e “provavelmente não será recuperado”.
On Friday, June 20 we lost contact with our methane-measuring satellite. Despite considerable efforts we were unable to reestablish contact. This morning we learned that the satellite has lost power, and it is anticipated to be unrecoverable.
— MethaneSAT (@MethaneSAT) July 1, 2025
The MethaneSAT mission has been a… pic.twitter.com/0mFpDNJCsI
Google usa IA para identificar emissores de metano
Essa perda é um golpe duro para o projeto, que prometia revolucionar o monitoramento de metano ao mapear, em segundos, áreas que levariam horas para serem sobrevoadas por aeronaves. Em órbita a cada 95 minutos, ele poderia observar campos de petróleo e gás responsáveis por mais de 80% da produção mundial.

Antes do MethaneSat, as medições de metano dependiam de sensores em solo e aviões. Esse trabalho revelou que, entre 2012 e 2018, as emissões nos EUA foram 60% maiores do que estimava a Agência de Proteção Ambiental (EPA).
O projeto também tem parceria com o Google, que usa inteligência artificial para identificar plataformas de poços, tanques e oleodutos em imagens de satélite, com uma lógica semelhante à do Google Maps. Mesmo com o desaparecimento do equipamento, o EDF pretende aproveitar os dados coletados para pressionar a indústria a reduzir as emissões de metano.