Terra tem mais que uma Lua; podem ser seis nesse momento

Estudo indica a presença de astros transitórios na órbita da Terra – saiba mais sobre as miniluas
Lucas Soares14/07/2025 18h59, atualizada em 15/07/2025 07h11
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Minilua descoberta no ano passado pode ser apenas uma de muitas escondidas na órbita da Terra. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital
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No final do ano passado, um pequeno asteroide chamado 2024 PT5 adentrou a órbita próxima da Terra e ficou conhecido como a “minilua provisória” do nosso planeta. O objeto, até então desconhecido, tornou-se tema de diversas pesquisas. Mas ele não é único: um novo estudo sugere que a Terra pode abrigar pelo menos seis “miniluas” a qualquer momento.

Uma minilua surge quando um objeto colide com a Lua e gera detritos espaciais. A maior parte deles é muito pequena e acaba sendo atraída pelo Sol. No entanto, uma pequena fração pode ser capturada pela gravidade da Terra (embora, eventualmente, também siga em direção à estrela no centro do Sistema Solar). Essas colisões ocorreram há milhares de anos e deixaram fragmentos espalhados pelo espaço.

Um estudo anterior sugeriu que a maioria desses objetos vem do cinturão de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter, mas uma pesquisa recente publicada na Icarus ampliou as possibilidades.

O objeto Kamo’oalewa, por exemplo, identificado em 2016, é um fragmento da Lua desprendido entre 1 milhão e 10 milhões de anos atrás, durante a colisão que formou a cratera Giordano Bruno.

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De acordo com Robert Jedicke, pesquisador da Universidade do Havaí e principal autor do estudo, em entrevista ao Space.com, o processo é “como uma espécie de dança quadrilha, em que os parceiros trocam de posição regularmente e, às vezes, saem da pista de dança por um tempo”.

Representação artística de uma minilua na órbita da Terra. Créditos: DVISIONS (Lua/Terra) – buradaki (asteroide) / Shutterstock. Edição: Olhar Digital

Miniluas ao redor da Terra

A pesquisa de Jedicke estimou quantas miniluas podem existir. Uma simulação revelou que, em média, 6,5 satélites lunares podem estar orbitando a Terra simultaneamente. Esses objetos são transitórios: se fossem contados hoje e novamente daqui a um ano, alguns já seriam diferentes.

No entanto, esse cálculo não é exato. “Se houvesse tantos objetos temporariamente presos, os telescópios provavelmente detectariam mais deles”, disse Jedicke. “Portanto, a previsão nominal está quase certamente incorreta. Isso faz parte da ciência.”

Imagem conceitual de asteroides próximos da Terra
Imagem conceitual de asteroides próximos da Terra. Crédito: buradaki – Shutterstock

Como a maioria dos fragmentos tem entre 1 e 2 metros de diâmetro, até os instrumentos mais avançados podem ter dificuldade para identificá-los. Jedicke os compara a um carro ou um SUV.

“Detectar objetos desse tamanho exige que estejam próximos para serem visíveis, mas, se estiverem próximos, também parecerão se mover muito rápido no céu”, explicou.

Telescópios mais modernos, porém, estão se tornando cada vez mais eficientes na detecção de miniluas, e podemos estar perto de desvendar os mistérios por trás desses objetos transitórios que circulam nosso planeta.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.

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