Marte já teve vida? Estudo aponta que planeta sempre esteve ‘condenado’

Minerais achados pelo rover Curiosity indicam que o planeta pode ter entrado em processo irreversível de resfriamento há bilhões de anos
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 15/07/2025 11h42, atualizada em 15/07/2025 12h11
marte
Imagem: Lubo Ivanko/Shutterstock
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Novas descobertas do rover Curiosity, da NASA, indicam que o destino seco e inóspito de Marte pode ter sido inevitável — mesmo quando o planeta ainda abrigava rios, lagos e uma atmosfera densa.

Segundo um estudo liderado pelo cientista planetário Edwin Kite, da Universidade de Chicago, o próprio Sol pode ter sido o responsável por empurrar Marte para um ciclo irreversível de resfriamento e perda de habitabilidade.

Nova análise de rochas marcianas mostra que a perda da atmosfera foi inevitável e causada por fatores naturais como o Sol e a falta de vulcanismo (Imagem: Artsiom P/Shutterstock)

Minerais de crateras forneceram respostas

  • A pista chave está nos depósitos de minerais carbonáticos encontrados na cratera Gale, uma antiga bacia marciana onde a água fluiu há bilhões de anos.
  • Esses minerais — como calcita, dolomita e magnesita — se formam quando dióxido de carbono (CO₂) dissolvido em água reage com metais, aprisionando o gás em rochas.
  • Na Terra, esse processo é compensado por emissões naturais de CO₂, como as erupções vulcânicas. Em Marte, porém, a história foi diferente.
  • Com baixa atividade tectônica e praticamente nenhuma reposição de CO₂, Marte foi gradualmente perdendo sua atmosfera.
  • E o agravante: o brilho do Sol aumenta cerca de 8% a cada bilhão de anos, o suficiente para desencadear breves períodos de aquecimento no planeta.
  • A água líquida liberada nesses ciclos absorvia mais CO₂, que era convertido em carbonatos — aprofundando ainda mais o resfriamento.
O novo estudo é baseado na descoberta de carbonatos marcianos pelo rover Curiosity da NASA – Imagem: NASA

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Marte já estava condenada a ficar inabitável

O resultado é o que os cientistas chamam de uma “espiral da morte movida a energia solar”: cada ciclo de aquecimento levava, paradoxalmente, a um resfriamento mais intenso e à perda de condições para a vida.

A nova pesquisa, publicada na revista Nature, sugere que os raros períodos de habitabilidade em Marte foram exceções e que, ao contrário da Terra, o planeta vermelho estava condenado desde o início a se tornar o deserto gelado que conhecemos hoje.

Representação artística da superfície de Marte
Nova teoria mostra como um processo natural levou Marte a um colapso climático irreversível (Imagem: Artsiom P/Shutterstock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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