Alzheimer pode dar sinais na sua fala — antes mesmo de a memória falhar

Velocidade, pausas e hesitações podem revelar alterações cerebrais precoces, segundo estudos recentes
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 15/07/2025 06h30
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Imagem: Robert Kneschke/Shutterstock
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Alterações sutis na maneira como falamos podem ser um dos primeiros sinais da doença de Alzheimer — e a velocidade da fala pode ser um indicador mais sensível do que os esquecimentos ocasionais, segundo um estudo da Universidade de Toronto publicado em 2023.

A pesquisa envolveu 125 adultos saudáveis, entre 18 e 90 anos, que descreveram imagens e depois participaram de testes que envolviam estímulos auditivos relacionados a objetos. O estudo foi publicado na revista Aging, Neuropsychology, and Cognition.

Fala lenta e pausas longas podem ser alerta precoce para Alzheimer – Imagem: Shutterstock/Naeblys

Descobertas do estudo

  • Os participantes que falavam mais rapidamente também conseguiam acessar palavras com mais agilidade, sugerindo que o ritmo da fala está ligado à velocidade geral de processamento cognitivo, um fator central no envelhecimento cerebral.
  • A descoberta apoia a teoria da velocidade de processamento, que aponta que o declínio cognitivo está mais associado a uma lentidão no funcionamento geral do cérebro do que a falhas pontuais de memória.
  • Com o envelhecimento, aumentam as pausas na fala e a frequência de expressões como “uh” e “hum”, o que pode sinalizar alterações cerebrais precoces.

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Idoso com Alzheimer sentado em poltrona olhando para janela
Pesquisas mostram que mudanças sutis no ritmo da fala estão ligadas a marcadores da doença de Alzheimer (Imagem: Ground Picture/Shutterstock)

Outras pesquisas corroboram com a tese

Estudos mais recentes, como um da Universidade de Stanford, publicado na revista Alzheimer’s & Dementia, também associaram fala mais lenta e pausas prolongadas a maiores níveis de placas amiloides e proteínas tau, características da doença de Alzheimer — mesmo em pessoas ainda sem sintomas clínicos evidentes.

Algoritmos de inteligência artificial já conseguem prever diagnósticos de Alzheimer com base apenas em padrões de fala, com até 78,5% de precisão. Isso reforça o potencial da análise da linguagem como ferramenta não invasiva e promissora para detecção precoce.

A ciência ainda está desvendando os detalhes, mas tudo indica que não é só o que dizemos — é como dizemos que pode revelar o estado da nossa saúde cerebral.

Ilustração de cérebro se desfazendo igual nuvem para representar neurodegeneração da Doença de Alzheimer
Estudos relacionam velocidade de fala e hesitações a proteínas ligadas à doença antes dos sintomas surgirem (Imagem: Naeblys/Shutterstock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.