Como as mudanças climáticas podem impactar o calendário escolar no Brasil

Estudo revela que mais da metade dos estudantes do ensino médio estão expostos a desastres climáticos, com prejuízos diretos na educação e na saúde
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 18/07/2025 17h52
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Imagem: hxdbzxy/Shutterstock
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Mais de 15 milhões de estudantes brasileiros do ensino médio estão matriculados em escolas com baixa ou nenhuma resiliência a enchentes, e outros 8 milhões frequentam instituições não preparadas para enfrentar a seca.

Os dados são de um estudo do Observatório Nacional de Segurança Hídrica e Gestão Adaptativa (ONSEADAdapta), apresentado durante a 77ª Reunião Anual da SBPC.

Terra seca e rachada; crise hídrica e mudanças climáticas mundiais.
Pesquisa nacional mostra que escolas brasileiras estão despreparadas para lidar com secas e enchentes – Imagem: Piyaset/Shutterstock

Cerca de um milhão de alunos afetados

  • Com base em dados do Censo Escolar e no Índice de Segurança Hídrica, os pesquisadores mapearam o risco climático nas escolas e constataram que cerca de 1 milhão de estudantes já perderam aulas por eventos extremos como secas severas ou inundações.
  • Na Amazônia, por exemplo, muitos alunos ficaram sem acesso às escolas devido à seca extrema, que impossibilitou o transporte fluvial.
  • A pesquisa propõe o conceito de “resiliência pedagógica”, que descreve as estratégias improvisadas por professores, como flexibilizar currículos e arrecadar fundos para manter a rotina escolar em meio a desastres climáticos.

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Sem estrutura, educadores criam estratégias para manter aulas em meio a secas, enchentes e apagões climáticos — e cobram políticas de adaptação (Imagem: MAYA LAB/Shutterstock)

A situação é crítica em um cenário onde as mudanças climáticas estão intensificando tanto secas quanto chuvas concentradas, conforme alerta o pesquisador José Marengo, do Cemaden.

As secas, em especial, vêm sendo apontadas como eventos com graves impactos socioeconômicos, afetando a saúde, a segurança alimentar e o aprendizado de populações vulneráveis.

Impacto em comunidades indígenas

Os efeitos já são sentidos por comunidades indígenas da Amazônia, que enfrentam problemas de saúde mental, insegurança hídrica e risco de desidratação devido à contaminação dos rios por poluentes oriundos de queimadas.

Para os autores do estudo, é urgente integrar a gestão de risco de desastres às políticas educacionais, conforme prevê a LDB, garantindo um sistema de ensino mais adaptado às emergências climáticas cada vez mais frequentes.

Estudo destaca impacto direto das mudanças climáticas na educação e saúde indígena – Imagem: Ronaldo Almeida/ Shutterstock

A matéria original foi publicado na Agência FAPESP.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.