GPS nacional? Governo vai discutir a ideia

Brasil analisa criação de um sistema nacional de navegação por satélite como forma de reduzir dependência de tecnologias estrangeiras
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 22/07/2025 09h58, atualizada em 22/07/2025 17h57
internet via satélite brasil
(Imagem: Nimedias / Shutterstock.com)
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Após o anúncio de tarifas de 50%, o governo dos Estados Unidos ainda pode aplicar novas sanções ao Brasil. Uma das mais discutidas nas redes sociais é a possibilidade de a Casa Branca bloquear o sistema GPS em território brasileiro. Sobre isso, não há nada oficial. E como explicamos aqui no Olhar Digital, a possibilidade é tecnologicamente cheia de barreiras.

Oito dias antes do tarifaço, o governo brasileiro deu o primeiro passo para a criação de um sistema nacional de navegação por satélite. O prazo para finalização de um relatório sobre a viabilidade da medida é de 180 dias, prorrogável por igual período.

Donald Trump em uma mesa falando e gesticulando
Brasil está na mira de Donald Trump (Imagem: Hasbul Aerial Stock/Shutterstock)

Brasil pode ter sistema nacional

O grupo de trabalho formado irá elaborar estudos e apresentar ações necessárias para propor uma estratégia de desenvolvimento tecnológico com vistas à implantação de um sistema brasileiro de posição, navegação e tempo (PNT). Além disso, diagnosticará vulnerabilidades decorrentes da dependência de sistemas estrangeiros.

Outro objetivo é elaborar estudos sobre possíveis rotas e desafios tecnológicos, capacidades laboratoriais e industriais instaladas e necessárias para um sistema próprio. Assim como apresentar possíveis opções de fomento para a obtenção de um sistema brasileiro.

Governo brasileiro está discutindo a possibilidade de ter um sistema de navegação por satélites próprio (Imagem: divulgação/Agência Brasil)

As reuniões ocorrerão no Palácio do Planalto e terão representantes dos ministérios da Ciência e Tecnologia, Defesa, Comunicações e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Também envolverão instituições como a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Além da possibilidade de desenvolver uma ferramenta própria, o Brasil poderia adotar sistemas de outros países, como o GLONASS, da Rússia, o BeiDou, da China, ou o Galileo, da União Europeia. Há também sistemas regionais, como indiano NavIC e o QZSS, no Japão. É importante destacar que muitos dispositivos modernos já são compatíveis com múltiplas constelações de satélites, o que significa que o nosso país não ficaria completamente no escuro caso o GPS fosse totalmente bloqueado – o que, repetindo, é tecnologicamente inviável.

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Sistema é essencial para áreas como navegação, cartografia e monitoramento ambiental (Imagem: naratrip/Shutterstock)

GPS é amplamente utilizado no mundo

  • A tecnologia está presente em celulares, carros, aeronaves, embarcações e sistemas de monitoramento, como tornozeleiras eletrônicas, e é considerada essencial para áreas como navegação, cartografia e monitoramento ambiental.
  • Criado pelo Departamento de Defesa dos EUA no final do século XX, o sistema foi desenvolvido originalmente com fins militares, como o direcionamento de mísseis, localização de tropas e execução de manobras táticas.
  • Nos anos 1990, no entanto, a ferramenta passou a ser amplamente aplicada para usos civis.
  • Atualmente, o sistema conta com dezenas de satélites distribuídos em seis planos orbitais ao redor da Terra.
  • Através de uma triangulação dos dados, é possível identificar a localização de forma precisa.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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