Plástico colorido e não poluente é criado por cientistas

Plástico inovador tem cor sem pigmentos, se dissolve em água e tem resistência igual ou superior a de plásticos comerciais, diz estudo
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 23/07/2025 20h59, atualizada em 25/07/2025 21h11
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Pesquisadores criaram um novo plástico colorido, biodegradável e tão resistente quanto os plásticos comerciais. Esse composto não precisa de corantes ou tinturas e pode ser diluído em água, podendo ser usado em impressora 3D. A equipe publicou as descobertas em um estudo na revista ACS Nano, da Sociedade Americana de Química.

Normalmente, os plásticos recebem cor por corantes e pigmentos sintéticos, que dificultam a reciclagem e aumentam o impacto ambiental. Esses aditivos podem se desprender ao longo do tempo, contaminando solos e cursos d’água, representando uma ameaça ao meio ambiente.

A equipe buscava uma maneira de desenvolver plásticos coloridos que fossem, ao mesmo tempo, robustos, fáceis de produzir e recicláveis. A solução foi encontrada na cor estrutural, um fenômeno natural que não depende de pigmentos ou corantes. 

Nesse processo, pequenas estruturas no material refletem a luz para produzir cores vibrantes. É o mesmo princípio que dá o brilho e coloração às penas de pavões e às asas de borboletas.

A equipe usou uma impressora 3D para moldar o material em formatos lúdicos.
A equipe usou uma impressora 3D para moldar o material em formatos lúdicos. (Imagem: ACS Nano 2025)

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Os cientistas utilizaram a Hidroxipropilcelulose (HPC), um derivado da celulose — material que dá estrutura às plantas — muito presente na indústria alimentícia e farmacêutica. Sua forma líquida brilha em tons de arco-íris, mas suas propriedades químicas dificultaram a transformação em plástico sólido por décadas. 

O grupo de pesquisadores decidiu enfrentar esse desafio. Ao misturar o HPC com outros compostos, eles conseguiram atingir um resultado biodegradável e versátil.

Novo plástico dissolve em água e pode ser moldado por impressora 3D

O estudo revela o processo que os cientistas desenvolveram para chegar ao composto desejado: 

  • O grupo adicionou ácido cítrico, pó de tinta de lula e água à HPC.
  • Essa mistura resultou em um composto que endurece naturalmente ao secar em temperatura ambiente.
  • A tonalidade final depende da quantidade de ácido cítrico, o que permitiu à equipe criar versões em azul, verde, laranja e vermelho do material.
  • Já a intensidade da cor é controlada pela quantidade de pó de tinta de lula adicionada à mistura.

Os pesquisadores testaram a substância em uma impressora 3D, produzindo pequenas estruturas e películas finas. Esses elementos foram moldados em formas lúdicas, como origamis de animais, cataventos e tangrans. Depois de prontos, esses objetos podem ser dissolvidos em água e reutilizados em novas criações.

Segundo o estudo, o plástico a base de HPC apresentou propriedades mecânicas comparáveis e até superiores às da maioria dos plásticos atualmente no mercado. O grupo conclui que o trabalho é um novo passo para desenvolver a próxima geração de plásticos recicláveis, mais colorida e menos danosa à natureza.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.