Mistério de Europa, lua de Júpiter, pode ter sido revelado

Altas concentrações de H2O2 em locais inesperados da lua de Júpiter intrigaram os cientistas – mas foram desvendadas
Por Ana Julia Pilato, editado por Lucas Soares 24/07/2025 11h18
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Superfície da lua Europa, de Júpiter, onde a vida pode vingar após a morte do Sol dentro de bilhões e bilhões de anos. Crédito: Artsiom P - Shutterstock
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Um mistério que intriga a ciência há anos pode ter sido finalmente revelado. Autores de um estudo publicado no Planetary Science Journal investigaram a presença de peróxido de hidrogênio (H2O2) em Europa, uma das muitas luas de Júpiter, com o objetivo de relacionar seu aumento aos níveis de CO2 no satélite.

Entenda:

  • Um mistério acerca dos altos níveis de peróxido de hidrogênio (H2O2) em Europa, lua de Júpiter, parece ter sido revelado;
  • Anteriormente, acreditava-se que os locais mais frios de Europa teriam concentrações mais altas de H2O2;
  • Na verdade, as regiões mais quentes da lua apresentam as maiores quantidades de peróxido;
  • Pesquisadores descobriram que isso está relacionado ao CO2, que, mesmo nos níveis mais baixos, consegue aumentar muito a concentração de H2O2.
Experimento solucionou mistério de lua de Júpiter. (Imagem: NASA/JPL-Caltech/DLR)

Estudos anteriores apontavam que os níveis de peróxido de hidrogênio – também conhecido como água oxigenada – seriam maiores nas regiões mais frias de Europa. Porém, análises do Telescópio Espacial James Webb revelaram, inesperadamente, que as maiores concentrações estão nos locais mais quentes da lua.

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Ilustração do experimento que relacionou H2O2 e CO2. (Imagem: Southwest Research Institute)

Tendo em vista que as regiões com maior abundância de H2O2 apresentavam, também, maiores níveis de CO2, os pesquisadores se questionaram sobre uma possível relação entre as duas substâncias e partiram para a investigação.

“Será que a presença de CO2 poderia impulsionar a produção aumentada de peróxido nos terrenos caóticos de Europa, sinalizando uma composição de superfície mais propícia à formação desse oxidante radiolítico?”, escreve a equipe. 

Experimentos iniciais corroboram a hipótese, mas, para ter a resposta definitiva, os pesquisadores simulam o ambiente da superfície da lua de Júpiter em uma câmara de vácuo. Nela, depositaram “gelo de água dopado com quantidades variáveis de CO2”.

Estudo comprova relação entre CO2 e H2O2

Metade de Júpiter
Concentração de H2O2 é maior em regiões mais quentes de Júpiter. (Imagem: Claudio Caridi/Shutterstock)

A equipe, então, irradiou a mistura de gelo com elétrons energéticos “para observar como a produção de peróxido se alterava”, disse Bereket Mamo, um dos cientistas da equipe, em comunicado.

Com o experimento, foi comprovado que, em temperaturas como as da superfície de Europa, até mesmo as menores quantidades de CO2 podem provocar um aumento altíssimo dos níveis de H2O2, capturando elétrons produzidos pela radiação e impedindo a quebra do peróxido em reações posteriores.

A equipe destaca que os resultados podem ajudar a compreender a existência do peróxido de hidrogênio em outros corpos gelados, como a lua de Plutão, Caronte.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.