China encoraja universitários a usarem as IAs ainda mais

Levantamento do MIT mostra como as universidades chinesas têm implantado ferramentas próprias para desenvolver habilidades dos estudantes
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 30/07/2025 05h30
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China é o país com o maior número de entusiastas da inteligência artificial no mundo (Imagem: Tirachard/iStock)
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Universidades chinesas parecem não temer possíveis impactos da inteligência artificial. Pelo contrário, as instituições acadêmicas têm encorajado seus alunos a adotarem cada vez mais a tecnologia, de acordo com um levantamento do MIT Technology Review.

Foram analisados os currículos oferecidos por 46 das principais universidades chinesas —  e o resultado surpreendeu: quase todas acrescentaram aulas de educação geral em IA, além de programas de graduação e módulos de alfabetização em IA no último ano.

Algumas instituições como as Universidades Remin, Nanquim e Fudan lançaram, inclusive, cursos abertos a todos os alunos, sem exclusividade de estudantes de ciência da computação. Em Zhejiang, cursos de graduação têm aulas introdutórias de IA obrigatórias desde o ano passado.

Grandes universidades chinesas já acrescentaram aulas de educação geral em IA em cursos de graduação (Imagem: hxdbzxy/iStock)

Apenas 1% dos docentes e estudantes universitários na China relataram nunca usar ferramentas de IA em seus estudos ou trabalho, de acordo com uma pesquisa recente do Instituto Mycos. Quase 60% afirmaram que as usavam com frequência.

Ferramentas próprias

A impossibilidade de acesso a tecnologias ocidentais, como o ChatGPT, criou uma oportunidade única para as universidades desenvolverem ferramentas próprias de IA, incluindo versões locais do DeepSeek, segundo a reportagem.

Ao MIT Technology Review, um aluno da Universidade Normal da China Central, em Wuhan, contou que o cenário era bem diferente há um ano. Até então, a maioria dos alunos dependia de VPNs ou marketplaces online semilegais para acessar modelos ocidentais. “Agora, todo mundo usa apenas DeepSeek e Doubao”, disse ele. “É mais barato, funciona em chinês e ninguém mais se preocupa em ser sinalizado.”

Logo do DeepSeek na tela de um smartphone
(Imagem: Mojahid Mottakin/Shutterstock)

O modus operandi da tendência se diferencia do Ocidente por ser orquestrado majoritariamente pelas universidades, e não pelas empresas. Nos EUA e Canadá, por exemplo, a versão gratuita do ChatGPT Plus para estudantes universitários partiu da própria empresa chefiada por Sam Altman.

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Quem teme a IA?

A China é o país com o maior número de entusiastas da inteligência artificial, de acordo com um levantamento do Instituto de Inteligência Artificial Centrada no Ser Humano (HAI) da Universidade Stanford.

83% dos chineses acreditam que produtos e serviços com tecnologia de IA oferecem mais benefícios do que desvantagens — nos EUA, a visão é compartilhada por apenas 39% dos americanos.

Sem acesso a tecnologias ocidentais, universidades chinesas têm criado suas próprias ferramentas de IA (Imagem: Tzido/iStock)

Globalmente, 60% dos entrevistados concordam que a IA mudará a forma como as pessoas trabalham nos próximos cinco anos. No entanto, 36% acreditam que a IA substituirá seus empregos no mesmo período.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.