Vivemos em um “grande vazio” no Universo, indica pesquisa

Essa pode ser a resposta para a tensão de Hubble, antigo dilema da cosmologia sobre a expansão do Universo
Lucas Soares31/07/2025 09h53
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Estudo traz novas pistas sobre o surgimento das primeiras estrelas do Universo. Crédito: ESA/Hubble e NASA
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Quando pensamos no Universo, imaginamos uma infinidade de planetas e estrelas. Embora isso seja verdade, nossa vizinhança pode estar bastante vazia. Uma nova pesquisa, publicada no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, indica que a Via Láctea está localizada em uma vasta região do espaço com uma densidade de matéria significativamente menor do que a média do cosmos.

De acordo com os pesquisadores, esse “vazio cósmico” pode ser a chave para entender por que o Universo parece estar se expandindo mais rápido do que o previsto: um enigma conhecido como tensão de Hubble. Mas o que exatamente isso significa?

O que é a tensão de Hubble?

Esse é um dos grandes problemas atuais da cosmologia: medições locais indicam que o Universo está se expandindo cerca de 10% mais rápido do que o esperado com base no modelo padrão (ΛCDM – Matéria Escura Fria com Constante Cosmológica). Esse modelo é fundamentado em observações da radiação cósmica de fundo em micro-ondas (CMB), o “eco” do Big Bang.

No entanto, quando os cientistas tentam extrapolar esses dados para o Universo atual, as contas não batem. Uma possível explicação? Estamos dentro de um gigantesco vazio, com cerca de 20% menos matéria do que o resto do cosmos.

Foto mostra estrelas girando ao redor do Observatório de Berkeley.
(Imagem: Luke Tyas/Berkeley Lab)

O que os dados revelam?

Ao comparar medições de oscilações acústicas bariônicas (BAOs) dos últimos 20 anos com simulações de um Universo com e sem um vazio local, os cientistas descobriram que as observações se encaixam melhor no cenário em que a Terra está em uma região de baixa densidade.

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Estatisticamente, um Universo com um vazio é 100 milhões de vezes mais provável do que um sem. O modelo tradicional (sem vazio) está em tensão de 3,8 sigma com os dados — o que significa que há apenas 0,007% de chance de as medições serem compatíveis com essa hipótese.

Parte do maior mapa do Universo
(Imagem: COSMOS-Web)

A confirmação definitiva exigirá medições mais precisas de BAOs em baixos redshifts (regiões próximas), onde o efeito do vazio seria mais pronunciado. Além disso, estudos sobre a idade do Universo — estimada com base nas estrelas mais antigas da Via Láctea — podem ajudar a descartar outras explicações para a tensão de Hubble.

Enquanto isso, a ideia de que habitamos um “deserto cósmico” ganha força, sugerindo que nosso lugar no Universo pode ser mais incomum do que imaginávamos. Com informações do The Conversation.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.