Mordidas de (alguns) dinossauros não eram tão fortes quanto pensávamos

Crânios de 18 espécies foram analisadas para identificar se o tamanho de predadores carnívoros influenciava seus estilos de vida
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 07/08/2025 05h10
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Pesquisa explorou questões básicas da biologia organismal (Imagem: Orla/iStock)
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Nem todos os dinossauros carnívoros tinham mordidas fortes, segundo uma nova análise de pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido. O estudo publicado na revista Current Biology examinou o comportamento de 18 espécies antigas.

“Os dinossauros carnívoros seguiram caminhos muito diferentes à medida que evoluíram para gigantes em termos de biomecânica alimentar e possíveis comportamentos”, disse Andrew Rowe, um dos autores.

O crânio do Tiranossauro rex não deixa dúvidas quanto às suas mordidas rápidas e fortes, mas outros dinossauros predadores gigantes, como espinossauros e alossauros, parecem ter se especializado em apenas cortar e rasgar carne (o que não os torna menos assustadores).

Crânio do Tiranossauro rex não deixa dúvidas quanto às suas mordidas esmagadoras (Imagem: Orla/iStock)

Comparando crânios

A pesquisa explorou questões básicas da biologia organismal e tinha como objetivo responder se o “caminhar” sobre duas pernas (bipedalismo) influenciava a biomecânica do crânio e as técnicas de alimentação dos dinossauros.

Apesar de atingirem tamanhos semelhantes, muitas espécies evoluíram com formatos de crânio muito distintos em várias partes do mundo. Por isso, os cientistas questionaram se havia diferenças notáveis em seus estilos de vida predatórios.

Para a análise da mecânica do crânio, foram utilizadas tomografias computadorizadas e varreduras de superfície que possibilitaram quantificar o desempenho alimentar e medir a força da mordida em 18 espécies de terópodes.

Tomografias computadorizadas e varreduras de superfície foram usadas para comparar crânios (Imagem: Reprodução)

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O que foi descoberto?

O resultado surpreendeu os pesquisadores ao indicar que o estresse craniano não mostrou um padrão de aumento conforme o tamanho da espécie — ou seja, ser um bípede predador nem sempre equivale a ser um esmagador de ossos.

“Tiranossauros como  o T. rex  tinham crânios otimizados para altas forças de mordida ao custo de maior estresse craniano”, diz Rowe. “Mas em alguns outros gigantes, como  o Giganotosaurus, calculamos padrões de estresse sugerindo uma mordida relativamente mais leve. Isso nos mostrou como a evolução pode produzir múltiplas ‘soluções’ para a vida como um bípede grande e carnívoro.” 

Espinossauro do período Cretáceo (Imagem: Warpaintcobra/iStock)

“Eu costumo comparar  o Allosaurus  a um dragão-de-Komodo moderno em termos de estilo de alimentação”, completa Rowe. “Os grandes crânios dos tiranossauros foram otimizados como os dos crocodilos modernos, com altas forças de mordida que esmagavam as presas. Essa diversidade biomecânica sugere que os ecossistemas dos dinossauros suportavam uma gama mais ampla de ecologias de carnívoros gigantes do que costumamos supor, com menos competição e mais especialização.”

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.