Um grupo criminoso que recrutava “sósias” de médicos para criar imagens falsas usando inteligência artificial foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul nesta terça-feira (12). Três pessoas foram presas, e aparelhos celulares, dinheiro e cartões foram apreendidos.
Os alvos são de São Paulo (SP), Ananindeua (PA) e Vila Velha (ES). Eles podem responder pelos crimes de estelionato, falsificação de documentos, invasão de dispositivos informáticos e lavagem de capitais.
A investigação teve início em janeiro, quando um médico gaúcho registrou um boletim de ocorrência relatando que sua conta de e-mail e seu perfil no gov.br tinham sido invadidos. Até agora, foram identificadas cinco vítimas — todos médicos que vivem no RS.

Recruta de sósias
O homem preso em São Paulo era responsável por recrutar pessoas com semelhança física às vítimas gaúchas para produzir fotografias usando IA. Essas imagens eram usadas em documentos falsos para passar pelas verificações de biometria facial na abertura de contas.
“Também fornecia e operava contas bancárias — principalmente de pessoas jurídicas (PJ) com altos limites — para receber os valores subtraídos e dificultar o rastreamento, recebendo comissões que variavam entre 25% e 40% do total”, diz a polícia.
Em um dos casos, os criminosos tentaram efetuar transferências em uma corretora de investimentos, no valor total superior a R$ 700 mil. O prejuízo a outras quatro contas chega a R$ 80 mil.

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Rede criminosa
No Pará, foi preso um homem de 20 anos, conhecido como “MDP” (“Menor do Painel”), que fornecia informações sigilosas ao grupo. Ele utilizava um bot de consulta automática em grupos de mensagens para vender dossiês com dados pessoais das vítimas.
Já no Espírito Santo, foi cumprido mandado contra um homem de 29 anos que está preso desde 24 de julho (após a Operação Falso Patrono III), responsável pelo fornecimento e fabricação de documentos falsos em nome dos médicos gaúchos.
O nome da operação, “Medici Umbra”, significa “a sombra dos médicos” e faz alusão à atuação dos criminosos, que se utilizavam da identidade e da reputação dos profissionais para a prática dos delitos, explica a polícia.
