Denúncias de exploração infantil online disparam após vídeo viral

No Senado, aumenta o apoio à instalação de uma CPI para investigar influenciadores e redes sociais envolvidas com o crime
Por Bruna Barone, editado por Rodrigo Mozelli 13/08/2025 01h48, atualizada em 13/08/2025 01h51
Uma menina usando seu telefone celular com uma pessoa por trás
Disque 100, canal do governo federal para denúncias de violações de direitos humanos, registrou mais de mil ocorrências desde o último dia 6 (Imagem: Javidestock/Shutterstock)
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O vídeo viral do influenciador Felca sobre um esquema de exploração de crianças e adolescentes, acumulando mais de 34 milhões de visualizações até agora, fez disparar o número de denúncias contra o crime no Brasil nos últimos seis dias, quando foi publicado.

O Disque 100, canal do governo federal para denúncias de violações de direitos humanos, registrou mais de mil ocorrências desde o último dia 6. Já a organização não governamental SaferNet viu um aumento de 114% no período. Os dados foram divulgados pelo Jornal Nacional.

No início do ano, a SaferNet já tinha alertado sobre o aumento de 80% no número de canais com imagens de abuso e exploração sexual infantil ativos no Telegram, reunindo 1,4 milhão de usuários. A plataforma não se pronunciou sobre o assunto. Denúncias podem ser feitas clicando aqui.

Canais com imagens de abuso no Telegram têm mais de 1,4 milhão de usuários (Imagem: Burdun Iliya/Shutterstock)

Exposição perigosa

  • Ao Jornal Nacional, a juíza Vanessa Cavalieri, da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, explicou que as redes de pedofilia são alimentadas por imagens de crianças e adolescentes publicadas pelos próprios pais em redes sociais. Segundo ela, a “internet é a rua, um lugar público perigoso”;
  • “Quando a gente pega aqui na Vara da Infância, computadores, celulares e extrai o conteúdo em grupos de pedofilia, em comunidades de abuso sexual infantil, 90% do material que a gente encontra não são imagens explícitas. São fotos e vídeos absolutamente normais, da rotina de uma criança, que qualquer mãe, qualquer pai tira, fotos e vídeos e posta nas suas redes”, disse;
  • No Congresso, a expectativa é pelo envio de um projeto de lei pelo governo federal nas próximas semanas que cria punições para empresas de tecnologia em casos de divulgação de conteúdos criminosos no ambiente digital;
  • Enquanto isso, parlamentares se articulam para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação de influenciadores e plataformas digitais envolvendo exploração de crianças e adolescentes;
  • Até agora, 70 senadores assinaram o requerimento. Hytalo Santos, um dos influenciadores denunciados por Felca, deverá ser convocado.

Senadores defendem CPI para investigar influenciadores e plataformas digitais (Imagem: Roman Chekhovskoi/Shutterstock)

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Exploração infantil é problema desafiador

No ano passado, o Brasil se tornou o quinto país que mais contribuiu para o esforço global na detecção de páginas contendo material de abuso sexual de crianças, segundo relatório da associação internacional InHope, ficando atrás de Bulgária, Reino Unido, Holanda e Alemanha.

A SaferNet explica, no entanto, que a hospedagem é apenas uma parte de um quadro mais amplo quando se trata da criação, distribuição e consumo de material de abuso sexual infantil (que podem ocorrer em qualquer lugar).

“O abuso e a exploração sexual de crianças são problemas generalizados em todo o mundo e nenhum país está imune. A ausência de informações sobre hospedagem em um determinado país ou região geográfica não significa que o abuso não esteja ocorrendo”, diz um comunicado.

Brasil é o quinto país que mais detecta páginas com material de abuso infantil no mundo (Imagem: New Africa/Shutterstock)
Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.