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Pesquisadores do Instituto de Ciências Naturais, na Bélgica, acabam de presentar a comunidade científica com a descrição de um dinossauro “primo” do icônico Velociraptor mongoliensis — Shri rapax, um predador que também viveu no Cretáceo Superior, há cerca de 75 a 71 milhões de anos.
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Publicado na revista Historical Biology, o artigo detalha um fóssil de cerca de dois metros de comprimento (da cabeça à cauda), com uma mandíbula robusta, pescoço longo e um segundo dedo excepcionalmente forte com uma garra de cerca de oito centímetros.
“Isso sugere que o Shri rapax era especializado em caçar presas maiores ou mais difíceis de capturar do que seus parentes próximos”, afirmou o paleontólogo Pascal Godefroit, coautor do estudo.
Ataque diferenciado
A equipe suspeita que seu principal alimento era o Protoceratops, um dinossauro com um grande babado no pescoço, além de espécimes juvenis do Pinacosaurus blindado. “Muitos fósseis desses herbívoros foram encontrados nas mesmas camadas geológicas”, explica Godefroit, acrescentando que as espécies compartilhavam o ambiente da atual Formação Djadokhta, na Mongólia.
“Com seus braços e mãos poderosos, ele conseguia agarrar a presa com firmeza e, em seguida, finalizá-la com repetidas mordidas fortes. O Velociraptor provavelmente atacava a presa primeiro com os pés e a garra em forma de foice antes de usar os dentes.”
Mesmo sem vestígios no esqueleto, Shri rapax provavelmente tinha penas e se assemelhava a um “peru grande”, nas palavras do pesquisador. Esta família de raptores, os dromeossaurídeos, é o parente mais próximo das aves modernas, explica.
“Tecidos moles como penas não são preservados nesses sedimentos mongóis. Mas em camadas um pouco mais antigas na China, foram encontrados pequenos raptores totalmente emplumados. E em um Velociraptor da Formação Djadokhta, pequenas saliências foram encontradas nos membros anteriores — pontos típicos de fixação de penas”, afirmou.
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Fóssil bem preservado
Com ossos que se encaixam perfeitamente, o esqueleto do Shri rapax apresenta uma cauda bem preservada, indicando projeções articulares rígidas que ajudavam o animal a manter o equilíbrio.
“O espécime foi fossilizado na posição em que morreu. Provavelmente foi enterrado por uma duna em colapso. A postura — encolhido, com o pescoço e a cauda erguidos — é típica de vertebrados que se sufocaram ou se afogaram”, contou Godefroit.
E nem após a morte, ele teve sossego. O fóssil foi caçado ilegalmente e contrabandeado para fora da Mongólia até acabar nas mãos da empresa francesa de fósseis Eldonia, que acionou o Instituto de Ciências Naturais em 2016 para escanear o crânio em 3D. “Ainda bem que fizemos isso, porque o crânio foi perdido depois de retornar à França”, lamenta Godefroit. “Graças aos escaneamentos, ainda conseguimos descrever o crânio cientificamente e fazer um molde.”
Após negociações entre Eldonia, paleontólogos e o Ministério da Cultura da Mongólia, o esqueleto fóssil está sendo oficialmente devolvido ao seu país de origem. Pela lei, os achados em território mongol pertencem ao Estado.
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