Milhares de pessoas têm utilizado a inteligência artificial para responder as mais diferentes perguntas. No entanto, um caso registrado nos Estados Unidos reforça as discussões sobre os cuidados na hora de seguir as recomendações feitas pelos chatbots.
Um homem de 60 anos precisou ser hospitalizado após desenvolver uma doença rara ao seguir orientações de dieta indicadas pelo ChatGPT. Os médicos responsáveis por atender o paciente descreveram o episódio na revista Annals of Internal Medicine.

ChatGPT recomendou mudança na dieta do paciente
- De acordo com a equipe médica, o homem chegou ao hospital com crises de paranoia.
- Ele acreditava que o vizinho estava tentando envenená-lo e que a água do filtro estava contaminada.
- A suspeita inicial era de um transtorno psiquiátrico.
- No entanto, após receber os minerais e vitaminas que estavam em níveis muito baixos no organismo, ele voltou ao estado normal e contou aos médicos o que havia acontecido.
- O homem disse que havia lido sobre os supostos efeitos negativos do cloreto de sódio.
- Buscando alternativas, ele consultou o ChatGPT.
- A IA, então, recomendou a substituição do sal pelo brometo.
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Chatbots não deve ser utilizados para diagnóstico ou tratamento
Os médicos explicaram que o paciente seguiu as recomendações da ferramenta por três meses, o que levou à intoxicação por brometos. Chamada de bromismo, essa é uma condição rara que pode provocar alucinações. Após três semanas de internação, os níveis no organismo dele se normalizaram.
Os autores do artigo, da Universidade de Washington, em Seattle, disseram que não conseguiram acessar o registro das conversas do paciente no ChatGPT. No entanto, os próprios profissionais consultaram a ferramenta e receberam a resposta de que o brometo poderia ser usado para substituir o sal na dieta.

Segundo os médicos, o caso evidencia como “o uso de inteligência artificial pode potencialmente contribuir para o desenvolvimento de resultados adversos de saúde”. Eles também lembraram que a tecnologia pode “gerar imprecisões científicas”, alimentando a disseminação de desinformação.
A OpenAI, responsável pelo ChatGPT, observa que o chatbot não é pode ser utilizado como um substituto dos médicos. As diretrizes da ferramenta ainda destacam que ele não é “destinado ao uso no diagnóstico ou tratamento de qualquer condição de saúde”.