Um relatório do Morgan Stanley, empresa global de serviços financeiros, estima que, até 2035, haverá pelo menos 13 milhões de robôs humanoides no mundo. E muitos deles estarão sendo utilizados para realização de tarefas domésticas.
Apesar dos enormes avanços tecnológicos dos últimos anos, que permitem que estes dispositivos realizem diversas funções, ainda há um grande desafio para o setor: aperfeiçoar o software de inteligência artificial para permitir que essas máquinas lidem com ambientes da vida real.

Robôs humanoides não conseguem fazer movimentos naturais
- Os robôs humanoides de hoje têm um número limitado de articulações.
- Isso cria uma disparidade entre seus movimentos e os dos homens, por exemplo.
- A questão central é que os dispositivos tendem a ser projetados em torno de um software que controla tudo centralmente.
- Essa abordagem resulta em máquinas fisicamente não naturais.
- Para combater o peso e a inércia de seu corpo, os robôs precisam fazer milhões de pequenas correções a cada segundo, apenas para evitar tombar.
- Como resultado, mesmo os humanoides mais avançados só podem trabalhar por algumas horas antes que suas baterias acabem.
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Foco das empresas precisa mudar
Em artigo publicado no The Conversation, Hamed Rajabi, pesquisador da Universidade London South Bank, aponta que a toda a indústria está no caminho errado. Ele explica que corpos não naturais exigem um cérebro de supercomputador e um exército de atuadores poderosos, o que torna os robôs mais pesados e exige maiores quantidades de energia, aprofundando o problema.
O Optimus da Tesla, por exemplo, é inteligente o suficiente para dobrar uma camiseta. No entanto, a demonstração realmente revela sua fraqueza física. Um ser humano pode dobrar uma camiseta sem realmente olhar, usando o tato para sentir o tecido e guiar seus movimentos. Optimus, com suas mãos relativamente rígidas e pobres em sensores, conta com sua visão poderosa e cérebro de IA para planejar meticulosamente cada pequeno movimento. Provavelmente seria derrotado por uma camisa amassada em uma cama bagunçada, porque seu corpo não tem inteligência física para se adaptar ao estado imprevisível do mundo real.
Hamed Rajabi, pesquisador da Universidade London South Bank

O especialista destaca que é por isso que, apesar de anos de desenvolvimento, esses robôs continuam sendo plataformas de pesquisa, não produtos comerciais. Para ele, as principais empresas de robótica de hoje são fundamentalmente empresas de software e IA, cuja experiência está na solução de problemas com computação. Sua cadeia de suprimentos global é otimizada para suportar isso com motores, sensores e processadores de alta precisão.
A construção de corpos robóticos fisicamente inteligentes requer um ecossistema de fabricação diferente, enraizado em materiais avançados e biomecânica, que ainda não está maduro o suficiente para operar em escala. Quando o hardware de um robô já parece tão impressionante, é tentador acreditar que a próxima atualização de software resolverá quaisquer problemas restantes, em vez de realizar a tarefa cara e difícil de redesenhar o corpo e a cadeia de suprimentos necessária para construí-lo.
Hamed Rajabi, pesquisador da Universidade London South Bank

Esse desafio é o foco da inteligência mecânica (MI), que está sendo pesquisada por várias equipes de acadêmicos em todo o mundo. A mão humana, por exemplo, pode se adaptar automaticamente a qualquer objeto que segure. Nossas pontas dos dedos agem como um lubrificador inteligente, ajustando a umidade para atingir o nível perfeito de atrito para qualquer superfície.
Se esses dois recursos fossem incorporados a uma mão Optimus, ela seria capaz de segurar objetos com uma fração da força e energia atualmente necessárias. A solução para a armadilha humanoide não é abandonar as formas ambiciosas de hoje, mas construí-las de acordo com essa filosofia diferente. Quando o corpo de um robô é fisicamente inteligente, seu cérebro de IA pode se concentrar no que faz de melhor: estratégia de alto nível, aprendendo e interagindo com o mundo de maneira mais significativa.
Hamed Rajabi, pesquisador da Universidade London South Bank